Luiz Antônio Athayde

Enquanto país, estamos correndo serio risco no concerto das nações em não estar tendo manejo correto na governança da geopolítica ao (não) praticar uma jogada de neutralidade pragmática em relação à China.
O colosso amarelo do século XXI, exemplo de inquestionável sucesso econômico mesmo debaixo da vara do autoritarismo e do controle de todos os seus cidadãos, vem fazendo jogadas calculadas.
No presente, a China tem o Brasil como mero player no jogo deles ao se aproveitar de praxis ideológica errática do governo atual ao dar de costas para os EUA (de onde vem toda a nossa tecnologia de ponta) preferindo se satisfazer com pérolas lançadas à boca por eles mesmos.
O governo atual tem pressa em resultados imediatos, por conta da rinha política doméstica, abstendo-se de prescustar o futuro.
O que deveria está em jogo, vale lembrar, deveriam ser ganhos estruturantes às futuras gerações e uma posição de vanguarda do nosso país no pavilhão de outras nações, nos próximos 30 anos.
Xi Jiping, em sua gélida e paciente estratégia de longo prazo, à muito, já amansou o urso russo e hoje o tem como tributário de seus interesses justo por que o regime econômico de Moscou não vingou em avançar nas tecnologias hodiernas e assegurar, no tempo, espaços em mercados vitais para sobreviver e ofertar melhor independência de meios ao seu povo.
Sabe-se perfeitamente que, se não fora a China, a Rússia já teria capitulado em sua guerra expansionista.
Como também, sabe-se que a entrada da Coreia do Norte no teatro da guerra da Ucrânia, com homens e munições, segue operada pelos cordéis da Cidade Proibida.
O presidente Lula, depois de bajular Putin na arquibancada montada no Kremlin para o seu desfile à ditadores, acaba de proferir discurso ideológico em Pequim quando comparou a sua ‘revolução’ para retirar os pobres da miséria no Brasil com a revolução cultural de Mao Tse Tung.
Ora, nada mais equivocado, além de ter cometido erro de calibragem histórica.
O que, de fato, os chineses fizeram para amealharem divisas e comprar alimento foi perseverar com os ganhos da revolução capitalista que se seguiu naquele país sucedendo a tragédia da revolução cultural.
Sob a batuta de Deng XiaoPing, a China calçou toda a trajetória de seu progresso econômico seguindo os manuais de Adam Smith.
Foi nesse mesmo período em que o Brasil conseguiu a sua independência cambial quando consolidou a usina de proteína vegetal e animal exportadora do país ao dar asas a agricultura tropical levada a cabo pelo talento e perseverança de Alysson Paulinelli, experimentos iniciados no Cerrado mineiro.
Temos três azes na mão e não estamos sabendo jogar com equidistância e estratégia definida.
É vital analisar friamente o peso dos outros jogadores que estão à mesa.
É hora de pedir cartas, jogar só com os olhos e com o que se ouve e deixar outros parceiros apostarem.
O Brasil, no momento certo, poderia ser o país que abriria o segundo round das apostas, com o que tem em suas mãos.
Aumentaria, em muito, o seu cacife no concerto das nações.

Luiz Antônio Athayde –

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Last Update: 13/05/2025