Além de ser um dos palcos do revezamento, o jardim também recebeu um afresco com o retrato de Marielle feito pela artista plástica francesa Mathilde Guégan.
“Acredito que a cidade de Paris deseja homenagear a luta universal de Marielle Franco pelos direitos das mulheres, e das mulheres lésbicas em particular. Ainda temos que lutar para garantir que todas as mulheres possam participar do esporte, especialmente as pobres, e para combater a homofobia no esporte”, reflete a artista a respeito da homenagem.
Ela conta que a obra foi feita em colaboração com dezenas de pessoas em situação de vulnerabilidade de diferentes nacionalidades, algo que considera simbólico na concepção da pintura. A ideia geral do projeto e o retrato em preto e branco de Marielle foram feitos por Mathilde, enquanto a decoração final, com os detalhes nas cores da bandeira do Brasil, tiveram as mãos dos outros colaboradores.
“O projeto contou com cerca de 30 participantes (homens, mulheres e adolescentes) que vieram do Centro de Acomodação de Emergência Lumières du Nord. Quinze mulheres, em especial, vieram com seus filhos pequenos. Esse foi o grupo que mais me impressionou, porque eles realmente se identificaram com a história e as lutas de Marielle”, explica Mathilde.
A ideia é que a obra passe a integrar a composição do jardim, além de entrar para o álbum dos Jogos Olímpicos de Paris 2024.
Brasileiros presentes
A tocha olímpica chegou à capital francesa neste domingo, quando se inicia um tour de dois dias pela cidade-sede. Neste primeiro dia, o revezamento começou na avenida Champs-Élysées, pelas mãos de Thierry Henry, ex-jogador de futebol e campeão do mundo com França em 1998.
O revezamento por Paris continua nesta segunda-feira 15, passando por outros pontos turísticos, como Montmartre e Trocadéro, praça com vista para a Torre Eiffel. Em seguida, a tocha segue o tour pelo interior da França e retorna a Paris no dia 26 de julho para a abertura dos Jogos Olímpicos.
Entre o público presente, estavam também alguns brasileiros, atraídos tanto pela passagem da tocha, como pela homenagem à vereadora brasileira.
“A forma como Marielle foi trucidada é inaceitável. Mas era uma mulher incrível. Na verdade, é importante até hoje, é até mais forte hoje. Então é emocionante um país como a França prestar uma homenagem dessas a ela”, disse a brasileira Celina Quintas, agente de viagens de 67 anos.
Ao lado da amiga, a historiadora aposentada Maria Gorete Aires, 69 anos, concorda. “Acho uma homenagem extremamente necessária. Primeiro, pela figura da Marielle e pelo que ela representou na política do Rio de Janeiro. Em segundo lugar, pela forma como ela foi tirada dessa política, de uma forma totalmente grosseira e estúpida. Acho que a França reconhecer isso é emocionante”, conclui a historiadora.