Antes mesmo da sessão no Conselho de Ética da Câmara que marcou o início do processo de cassação do deputado Glauber Braga (PSol-RJ), integrantes do Centrão apresentaram uma proposta de acordo para evitar a perda de seu mandato. A condição: que o deputado gravasse um vídeo pedindo desculpas ao presidente da Casa, Arthur Lira (PP-AL), e recuasse nas críticas públicas.

Desde então, Glauber tem adotado tom mais moderado. Parou de citar nomes de líderes partidários e de atacar partidos com base numerosa na Casa. No entanto, a ideia de se desculpar com Lira é considerada por ele um limite intransponível.

Interlocutores do deputado tentam costurar uma saída intermediária. Acreditam que, sim, o gesto é importante para apaziguar os ânimos, mas que um pedido de desculpas endereçado ao ex-presidente da Câmara já seria demais.

Há também quem defenda que o deputado mantenha sua posição até o fim — mesmo que isso acelere sua cassação. O presidente da Câmara, Hugo Motta (Republicanos-PB), tem dito a aliados que “não vai deixar Glauber morrer de fome”, o que é interpretado como uma disposição para agilizar o processo.

No Centrão, o pedido de desculpas é visto como mera formalidade. Articuladores do acordo classificam como “tolice” a recusa do deputado, argumentando que, além de perder o mandato, ele pode ficar inelegível por oito anos — o que chamam de “morte política”.

A contenda entre Glauber e Lira vem de longe. Em maio de 2022, os dois trocaram acusações no plenário da Câmara, em episódio que marcou o início do desgaste público. Glauber questionou se Lira “não tinha vergonha”, e ouviu de volta que sua presença no Parlamento era motivo de constrangimento.

Desde então, o psolista se tornou uma das vozes mais estridentes na oposição ao ex-presidente da Câmara, especialmente no que diz respeito ao orçamento secreto e à liberação de emendas parlamentares. Em fevereiro, Glauber chegou a prestar depoimento à Polícia Federal e sugeriu que fossem investigadas as conexões de Lira com repasses bilionários destinados a Rio Largo (AL), cidade de base política do ex-presidente da Casa.

Greve de fome

No sétimo dia de greve de fome, Glauber recebeu nesta terça-feira 15 a visita do reitor da Universidade de Brasília (UnB), José Geraldo, e do ex-ministro Nilmário Miranda. Também estiveram no local o deputado distrital Fábio Félix (PSOL-DF) e a deputada federal Fernanda Melchionna (PSOL-RS).

“Acabei perdendo muito peso nestas últimas horas. Estou com 87,1 quilos. Meu corpo já começa a dar sinais. Tenho tido dor de cabeça, início de desconforto na barriga, mas a cabeça está firme e a missão de continuar nesta batalha mais ainda. Não vou desistir, jamais!”, afirmou.

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Last Update: 15/04/2025