A volta de Donald Trump à presidência dos Estados Unidos pode trazer uma série de consequências, algumas delas muito profundas, para a África e a América Latina, por conta do fechamento da Agência dos Estados Unidos para o Desenvolvimento Internacional (USAID).

O efeito mais expressivo será visto na África, uma vez que o fim da USAID afeta diretamente programas de saúde essenciais na região, além de enfraquecer a credibilidade norte-americana na região – o que pode abrir espaço inclusive para o aumento da influência da China no continente.

Em artigo publicado no site Project Syndicate, o economista Kenneth Rogoff explica que a USAID – fechada por decisão do departamento gerenciado pelo bilionário Elon Musk – tem desempenhado um papel fundamental quando se trata da saúde pública dos países em desenvolvimento.

“Embora os programas da agência não sejam perfeitos, seu orçamento de US$ 40 bilhões – menos de 1% dos gastos federais – tem sido uma maneira econômica de ajudar os pobres do mundo e promover os interesses americanos”, explica o economista.

A situação já seria grave por si só, mas a insistência de Trump para que a Europa financie sua própria defesa muito certamente levará os governos europeus a redirecionar recursos da ajuda externa para manter seus sistemas de bem-estar social.

“Não há dúvida de que a China correrá para preencher esse vácuo. Apesar de seus próprios problemas econômicos, o país continua profundamente comprometido em expandir seu acesso aos vastos recursos naturais da África. Na verdade, sua desaceleração econômica pode levar o governo chinês a consolidar ainda mais sua presença no continente”, pontua Rogoff.

No caso da América Latina, a volta de Trump ao poder pode levar a uma guinada à direita na região mesmo com as “políticas comerciais imprevisíveis de Trump”, partindo do apoio do norte-americano a Javier Milei, o atual presidente da Argentina.

Em meio a elogios à política econômica da Argentina e as “dificuldades econômicas após anos de governos de esquerda” no Brasil e no México, Rogoff diz que o apoio dos EUA pode fortalecer a posição regional de Milei, potencialmente catalisando uma mudança mais ampla para longe dos fracassados experimentos socialistas da América Latina (…)”.

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Last Update: 05/03/2025