Neste sábado (10), ocorreu a análise política da semana, realizada pelo presidente do PCO, João Silva, na Causa Operária TV. Como de costume, a análise começou tratando do tema da liberdade de expressão. Silva citou o caso da censura ao Instagram do governo da Malásia, por se pronunciar sobre Ismail Hanié, o que levou a rede social a ser retaliada na Turquia. Comentou também a invasão da casa do analista norte-americano Scott Ritter pelo FBI. A censura segue avançando no mundo.
Ele então tratou da questão da repressão aos índios pelo latifúndio: “uma companheira Guarani Caiouá pré-candidata do PCO a vereadora em Douradina, foi presa. Essa semana houve um ‘conflito’ entre a polícia, os pistoleiros do latifúndio e os índios. 10 pessoas ficaram feridas, uma em estado grave. Essa é a realidade dos índios do Brasil. O imperialismo fala que protege os índios, mas ele “protege” a Amazônia dos brasileiros.
Outro dado importante é que esse é o governo do PSDB. Dizem que o problema no Brasil é só o bolsonarismo. Mas aqui aparece o PSDB mais uma vez. Ele é tradicionalmente repressor dos índios do estado. O Brasil em sua maior parte é o velho oeste, sem lei, sem nada”.
Ao comentar esse ataque, João Silva também lembrou os demais ataques do judiciário que o PCO vem sofrendo e ligou isso a questão de que a Polícia Federal, e o aparato de repressão do Estado no Brasil, é totalmente dominado pelo imperialismo e pelo sionismo. O tema então foi para Venezuela.
“O próprio Maduro foi a rede de televisão venezuelana e denunciou que as tais guarimbas venezuelanas são treinadas no Chile. Segundo Maduro, elas são treinadas por setores pinochetistas. Eles são a maioria nas forças armadas e do aparato de repressão do Chile com o aval do governo de Gabriel Boric. É uma denúncia muito grave. Para nós não é tão impressionante, pois sempre denunciamos que Boric é uma marionete do imperialismo.
Os ditos comunistas do Brasil atacam Maduro, mas não denunciam Boric, que é um serviçal total do imperialismo. Isso é importante porque mostra a desorientação total da esquerda. Na época que Boric foi eleito atacaram o PCO por falar que não era uma vitória da esquerda. Boulos foi para o Chile falar que era uma grande vitória. Agora ele está sendo denunciado por ser um dos responsáveis pela organização das milícias fascistas na Venezuela. O grande candidato da esquerda é um organizador do fascismo latino americano. Esse é o nível de erro, de confusão política da esquerda.”
A posição pró-imperialista da esquerda pequeno burguesa então foi analisada: “o PSTU está num alinhamento consciente com o imperialismo norte-americano. Como eles sabem que a eleição foi fraudada? Fora o fato de que a imprensa imperialista disse isso. Eles foram lá e contaram os votos? Recolheram as atas? De onde vem a conclusão que é uma fraude? Então chamam o governo Maduro é uma ditadura. Falam isso porque o imperialismo diz isso, a Folha de SP diz isso, os bolsonaristas no Brasil dizem isso.
Aqui fica claro o alinhamento da esquerda totalmente com o imperialismo. Não existe a desculpa de que o Maduro é muçulmano e quer as mulheres a usar véu, na Venezuela não tem isso. Chama ele de ditador porque ele se opõe ao imperialismo, não há nenhuma explicação. Essa [PSTU] é a posição mais clara e mais extrema de toda a esquerda brasileira em relação à Venezuela, de apoio total ao imperialismo.
Na luta entre o imperialismo e os países atrasados, a questão da ditadura e da democracia é irrelevante. O imperialismo norte-americano e britânico e dos EUA invadiram o Iraque para derrubar a ‘ditadura do Sadam Hussein’. Teríamos que apoiar a ação do imperialismo contra a ditadura? Claro que não tem que apoiar. No caso da Venezuela não há prova de fraude e alegação de ditadura não tem substancia. Mas esse não é o problema central. O problema é que há um conflito entre o imperialismo e um país oprimido pelo imperialismo. Não se pode ficar do lado do imperialismo.”.
Ele então destacou que resto da esquerda pequeno burguesa toca a mesma música que o PSTU, mas sem os músicos profissionais. A mesma política com variações. PCB e UP tem a mesma política. No PSOL há vários grupos com a mesma linha, alguns idênticos ao PSTU, outros mais confusos. Perguntaram para Boulos sobre a Venezuela e ele disse que ela não é o modelo de democracia. Ela não é o modelo de democracia de Boulos, pois não é o modelo dos norte-americanos. Ou seja, Boulos tem a mesma posição do PSTU. E dentro do PT há muitos da mesma forma. Isso deixa Lula e a sua ala do PT no dilema de apoiar um ou outro lado. Essa é a questão política do momento e a Venezuela escancarou isso.
Os golpes de Estado no mundo
“Ao que tudo indica, entramos em uma era que os golpes de Estado serão o feijão com arroz da política internacional. Justamente por causa da guerra, o imperialismo precisa alinhar os países com sua política. Precisam unificar o bloco imperialista, para fazer isso precisam dos golpes de Estado. Assim temos o caso de Bangladexe.
O governo de Bangladexe não era um governo democrático. Segundo lugar, havia motivo para descontentamento. Mas isso não elimina o fato do que o que aconteceu no país foi o realinhamento de forças feito pelo imperialismo. Basta ver o resultado. Foi escolhido um cidadão que recebeu o prêmio nobel e é banqueiro. A esquerda tipo PSTU disse que foi revolução popular.
Tentaram assassinar o premiê da Eslováquia, foi uma tentativa de golpe. Há golpes de Estado por todos os lados. Esse será o novo padrão da política internacional. Vamos ver esse realinhamento de forças em escala internacional.”
O tema passou a ser uma análise geral dos golpes de Estado, com o caso de Bangladexe sendo o principal foco de análise. E logo depois voltando para a questão da Venezuela: “esse caso da Venezuela mostra a enorme pressão que está submetido o governo Lula. Mostra o fato do governo não ver alternativa se não ceder a essa pressão. A imprensa critica Lula, pois ele não tomou a exata posição dos EUA. Mas, ao mesmo tempo, a esquerda olha para a posição do governo com uma divergência total em relação ao que ta acontecendo.
Alguns dizem que o governo do PT assumiu uma posição responsável. Não, isso é uma capitulação diante da pressão do imperialismo. Os russos reconheceram o governo, Putin convidou Maduro para a reunião dos BRICS. Os chineses e os iranianos reconheceram o governo. O Brasil ficou no meio do caminho. Esse meio do caminho resvala para a posição do imperialismo. Ela dá um aval, afirma que há algo estranho com a eleição. É um encobrimento da posição do imperialismo. É um sinal muito negativo em relação ao posicionamento do Brasil no que diz respeito a toda situação internacional.
A situação internacional caminha para o confronto. O governo do PT nesse momento se inclina para o lado do imperialismo. Tivemos a crise com a Nicarágua. Ela não tem muita relevância. Mas chama atenção a falta de flexibilidade do governo Lula diante do governo da Nicarágua. O Ortega expulsou o embaixador brasileiro, parece algo idiota a se fazer, pode ser um protesto contra a política do PT em relação à Venezuela. Lula não precisava ter comprado a briga, poderia discutir e ver o que fazer. Mesmo que isso seja um erro do governo da Nicarágua, nós sabemos que ela é outro alvo do imperialismo”.
João Silva então comentou a posição do PT de defesa da democracia contra o fascismo, e como isso é um grande erro da esquerda. Por fim, fez questão de destacar a importância da escolha de Iahia Sinuar como novo líder do Hamas e falou um pouco sobre a iminente retaliação do Irã ao Estado de “Israel”.
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