As eleições parlamentares na França, desencadeadas pela dissolução precoce da Assembleia Nacional, tiveram um impacto significativo no Brasil. Setores da esquerda nacional, que vão desde figuras da ala direita do Partido dos Trabalhadores (PT), como Alberto Cantalice, ao próprio presidente da República, Luiz Inácio Lula da Silva, viram o resultado como uma grande vitória das forças populares frente à extrema direita. Não faltam discursos elogiando os esforços do esquerdista Jean-Luc Mélenchon e recomendando à esquerda brasileira o mesmo caminho.

Ocorre que não há nada que se comemorar no resultado francês. Pelo contrário. A Nova Frente Popular venceu as eleições na França, é fato. Mas isso não corresponde em si a uma novidade. Apenas significa que a extrema direita francesa não conseguiu obter uma maioria absoluta no parlamento. Assim como nunca aconteceu no Brasil – o Partido Liberal é hoje o partido com maior bancada, mas não tem maioria absoluta. Assim como nem mesmo aconteceu na Alemanha nas vésperas da tomada do poder por Adolf Hitler – o partido Nazista alcançou 288 dos 647 assentos.

O mais importante das eleições, no entanto, é que o Regarupamento Nacional conseguiu ampliar ainda mais a sua bancada, tornando-se, de longe, o maior partido de toda a França. E que, diante dessa situação perigosíssima, os partidos que tiveram maior desempenho no campo supostamente “democrático” foram os partidos do regime, como o Partido Socialista. Isto é, diante do crescimento da extrema direita, quem cresceu não foi a esquerda, ainda que tenha tido uma votação melhor que os anos anteriores. Quem cresceu foram os partidos do imperialismo, que abriram no passado as portas para a extrema direita e que não hesitarão de fazê-lo nos dias de hoje.

Quem venceu as eleições não foi a “democracia”. Foram os partidos responsáveis, na França, pela “guerra ao terror”. Todo o esforço de Mélenchon, neste sentido, não resultou nem em impedir o crescimento da extrema direita, nem em fortalecer a esquerda. Serviu apenas para que os maiores inimigos da esquerda, que se aliam com a extrema direita em todo o mundo, vencessem.

Ao que tudo indica, os partidos macronistas, junto com os socialistas e ecologistas se unirão para formar um governo que deixe a esquerda francesa de fora. Será um fracasso total da política da frente ampla.

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Última Atualização: 09/07/2024