Na manhã desta sexta-feira (26), o ex-presidente dos Estados Unidos, Barack Obama, declarou publicamente seu apoio à pré-candidatura de Kamala Harris à Casa Branca. A atual vice-presidente norte-americana tornou-se o provável novo nome do partido Democrata para disputar a presidência após o presidente Joe Biden anunciar que não concorrerá à reeleição.
A eleição presidencial nos Estados Unidos está marcada para o dia 5 de novembro. Pelo lado do Partido Republicano, o ex-presidente Donald Trump foi escolhido como o candidato oficial para a disputa.
Apesar de Kamala Harris ser a provável indicada, ela ainda deve disputar a nomeação com o senador Sherrod Brown. O candidato oficial será definido em uma convenção do partido Democrata, marcada para o dia 19 de agosto, em Chicago.
Presidência histórica e fantástica
Barack Obama e Kamala Harris compartilharam, nesta manhã, um vídeo em seus perfis na rede social X. Na gravação, a pré-candidata aparece recebendo uma ligação de Obama e sua esposa, Michelle. O vídeo lembra a estratégia utilizada por Joe Biden em 2020, quando publicou um vídeo convidando Kamala para ser sua vice.
No vídeo divulgado nesta sexta, a ex-primeira-dama Michelle Obama se refere à possível candidata dos democratas como “minha garota, Kamala” e expressa seu orgulho. “Isso será histórico”, diz Michelle. Kamala Harris responde dizendo que o apoio e a amizade do casal Obama significam muito para ela.
“Nós ligamos para dizer que Michelle e eu não poderíamos estar mais orgulhosos em apoiar você e vamos fazer tudo o que pudermos para que você passe por essa eleição e chegue ao Salão Oval”, declarou Barack Obama. Ele sugeriu, em seu post no X, que a conversa aconteceu há alguns dias e afirmou que Kamala seria “uma presidente dos EUA fantástica”.
Vidas Negras Importam
O presidente Joe Biden usou a mesma estratégia para divulgar o convite feito a Kamala Harris para ser sua vice-presidente na eleição de 2020. Em um vídeo publicado em 12 de agosto daquele ano, Biden telefona para Kamala e pergunta se ela está preparada para trabalhar, ao que ela responde: “Ai, meu Deus, eu estou preparada”. Biden pede para que ela confirme se está realmente interessada no cargo, e Kamala responde: “A resposta é com certeza, sim”.
À época do convite, os EUA viviam uma onda de protestos antirracistas e contra a violência policial, liderados pelo movimento “Black Lives Matter”. O estopim foi o caso de George Floyd, um ex-segurança negro que foi morto durante uma abordagem policial. Biden foi pressionado pelos democratas para escolher uma mulher negra como vice, e a escolha de Kamala foi vista como um aceno do partido às minorias.
A escolha de Kamala foi fundamental para a eleição de Biden, pois atraiu eleitores negros, que tradicionalmente votam em candidatos democratas. Eles foram votos-chave na reeleição de Barack Obama em 2012 e, na eleição de 2016, quando a chapa democrata não tinha nenhum negro, Hillary Clinton perdeu para Donald Trump.
Anúncio delicado
Essa é a primeira vez que Obama apoia Kamala publicamente. No entanto, segundo a agência de notícias Reuters, ele já havia expressado total apreço por ela em conversas particulares e mantinha contatos regulares com a vice-presidente.
Analistas acreditam que a demora de Obama em fazer uma declaração pública se deve à sua forte amizade com Joe Biden, e o apoio poderia abalar a relação dos dois, dependendo de como fosse feito. Ainda assim, havia uma expectativa pelo apoio, uma vez que Kamala já teria o número suficiente de delegados para ser nomeada candidata à Casa Branca. De acordo com levantamento da Associated Press, no início desta semana, Kamala alcançou a marca de 2.579 delegados — são necessários 1.976 para a nomeação.
Os delegados representam a vontade dos membros do Partido Democrata durante as primárias, a votação interna que decide quem será o nome oficial para concorrer com Trump.
Adversária escolhida
Donald Trump já escolheu Kamala indiretamente como sua adversária oficial, uma vez que os dois tiveram diversos momentos de embate nesta semana. Com o senador Sherrod Brown, Trump não chegou a ter embates significativos.
A tensão entre Kamala Harris e Donald Trump tem aumentado nos últimos dias, com uma troca de acusações entre os dois enquanto a agenda da vice-presidente assume um tom cada vez mais eleitoral. Kamala acusou Trump de arrastar o país para “um passado obscuro”, enquanto Trump afirmou que os democratas tiraram Biden da disputa para colocar uma possível candidata “lunática” e “mentirosa”.
Em mensagem na rede social X, Kamala disse estar preparada para debater com Trump e o acusou de recuar após concordar com um debate em 10 de setembro. Dias atrás, Trump afirmou que estava “absolutamente disposto” a debater com Kamala, mas ele não concorda com a emissora de TV escolhida.
A troca de acusações entre os dois continua, com Kamala dizendo que o programa dos republicanos “é um plano para devolver os Estados Unidos a um passado obscuro”. “Trump e seus aliados extremistas querem levar nossa nação de volta a políticas econômicas fracassadas, à luta contra os sindicatos e à volta das isenções fiscais para os bilionários”, afirmou a pré-candidata democrata, que deve ser oficialmente indicada na convenção do partido em agosto.