O presidente Luiz Inácio Lula da Silva inaugurou na sexta-feira (23), em Hortolândia, no interior de São Paulo, a nova planta da fábrica de polipeptídeo sintético da EMS, destinada à produção de medicamentos para diabetes e obesidade.
A inauguração dessa unidade da EMS faz parte das ações do Complexo Econômico-Industrial da Saúde (CEIS), um dos setores estratégicos no processo de reindustrialização do país.
Os recursos do CEIS já somam R$ 57,4 bilhões. É o maior volume de investimentos públicos e privados na última década, para a retomada da política de desenvolvimento para o setor.
Os medicamentos são chamados de peptídeos, análogos de GLP-1, que agem semelhante ao hormônio natural. Isso possibilita a redução de efeitos colaterais para os pacientes, assim como dos custos.
Foram feitos R$ 70 milhões de investimentos, dos quais R$ 48 milhões financiados pelo Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES).
Com 60 anos de existência, a EMS é o maior laboratório farmacêutico no Brasil e possui 6,7 mil funcionários nas suas unidades em Jaguariúna (SP), em Brasília (DF), Manaus (AM) e Hortolândia (SP).
O presidente da EMS, Carlos Sanchez, disse que o grupo conseguiu desenvolver o conceito da cadeia de peptídeos. “Nós fabricamos desde o IFA (matéria-prima utilizada na produção de medicamentos) até o produto terminado. Desenvolvemos um produto no Brasil do zero para sermos globais”, disse o dono da empresa que já exporta para 30 países.
Lula lembrou que a saúde é um dos pilares da Nova Indústria Brasil (NIB). “A política pública com a qual recolocamos a indústria no centro da estratégia de desenvolvimento econômico nacional. No último dia 14, anunciamos em conjunto com o setor produtivo novos investimentos para a Saúde no âmbito da Nova Indústria Brasil. Estamos falando de quase R$ 60 bilhões, o maior volume de investimentos públicos e privados para a saúde nesta década. A indústria da saúde é um setor que representa 10% do PIB brasileiro”, destaca.
O presidente afirma que, desde o início do seu mandato, tem reconstruído toda a política para o Complexo Econômico-Industrial da Saúde.
“Publicamos seis decretos, envolvendo desde a recriação da Secretaria de Ciência, Tecnologia, Inovação e Complexo da Saúde do Ministério da Saúde, até mecanismos de participação social, extintos no governo anterior, que culminou no lançamento da Estratégia Nacional de Desenvolvimento do Complexo Econômico-Industrial da Saúde, em setembro do ano passado”, diz.
Lula lembra que depois de 17 anos volta a sede da EMS para inaugurar uma nova fábrica da empresa, um espaço inovador, com tecnologia de ponta.
“O Brasil constrói um futuro melhor quando volta a investir na ciência, ao invés de negá-la. Voltamos ao governo em um momento de negacionismo crescente na sociedade”, afirma.
Autonomia
A ministra da Ciência, Tecnologia e Inovação, Luciana Santos, diz que a inauguração da fábrica contribui para aumentar a autonomia do país na área da saúde, pois atualmente o déficit é de R$ 14,7 bilhões, ou seja, o país importa mais do que exporta no setor.
“Para nós é fundamental cada vez mais aumentar nossa autonomia numa perspectiva de garantir investimentos em produtos e serviços cada vez melhores para o povo brasileiro, ainda mais quando se trata da saúde”, disse a ministra.
Para ela, não se pode conviver com dependência. “Nós sentimos isso na pele, o que significou na época da Covid. Nós sabemos o quanto é nefasta a dependência dos países para insumos, vacinas e para inovação e tecnologia nessa área, isso pela importância estratégica e impacto que ela tem na vida das pessoas”, observa.
A ministra da Saúde, Nísia Trindade, destaca que se trata da primeira medicação produzida no país para tratamento da obesidade e diabetes. “Isso de forma inovadora utilizando peptídeos, utilizando liraglutida sintética. Com certeza o uso do polipeptídeo vai reduzir os efeitos colaterais dos pacientes”, comemora a ministra.