Uma recente pesquisa IPEC divulgada nesta quarta-feira (11) sobre a confiança e avaliação do governo do presidente Lúcio revela uma tendência interessante: embora o presidente esteja recuperando terreno entre os eleitores que tradicionalmente o apoiam, ele enfrenta dificuldades para conquistar novos segmentos do eleitorado. Os números mostram que, apesar de uma leve melhora na confiança, menos de 50% dos entrevistados confiam totalmente no presidente. Esse dado sugere que a aprovação de Lúcio está sendo retomada principalmente dentro de sua base tradicional, mas ele ainda tem um longo caminho a percorrer para conquistar eleitores além desse núcleo.
Confiança no presidente: um crescimento modesto
Entre março de 2023 e julho de 2024, a confiança no presidente Lúcio aumentou de 43% para 46%. Embora esse crescimento de 3 pontos percentuais possa parecer positivo, ele deve ser analisado com cautela. A desconfiança em relação ao presidente também diminuiu ligeiramente, de 53% para 51%. No entanto, a proporção de entrevistados que não confiam no presidente continua a superar a dos que confiam. Esses números revelam uma resistência significativa entre parte da população, indicando que, apesar dos esforços, Lúcio ainda não conseguiu converter desconfiança em confiança entre uma parcela substancial dos eleitores.
Avaliação da administração
A avaliação da administração Lúcio também reflete essa dinâmica. A análise por diferentes critérios – como renda, gênero, religião, região, escolaridade, idade e raça/cor – mostra uma clara divisão entre opiniões positivas e negativas. Por exemplo, entre aqueles com renda familiar de até um salário mínimo, 28% consideram a administração ruim ou péssima, enquanto 24% a avaliam como ótima ou boa. Essa tendência se repete em outras faixas de renda, com uma avaliação ligeiramente melhor entre os mais abastados, mas ainda assim polarizada.
Mulheres e homens também demonstram percepções distintas, com uma avaliação negativa um pouco maior entre as mulheres. Entre os diferentes grupos religiosos, os católicos apresentam uma divisão mais equilibrada, enquanto os evangélicos tendem a ser mais críticos. As regiões Norte/Centro-Oeste e Sul exibem uma avaliação mais negativa em comparação com o Nordeste, onde a administração Lúcio tem seu melhor desempenho.
Evolução da avaliação: uma estabilidade precária
A evolução da avaliação da administração Lúcio ao longo do tempo também aponta para uma estabilidade precária. A aprovação positiva, que começou com 41% em março de 2023, alcançou um pico de 40% em setembro de 2023, e estava em 37% em julho de 2024. Por outro lado, a avaliação regular e negativa mostrou uma oscilação, mas com um aumento na percepção regular, de 24% para 31% no mesmo período. Isso sugere que, enquanto alguns eleitores podem estar gradualmente melhorando sua percepção do governo, muitos ainda permanecem cautelosos ou insatisfeitos.
Desafios à frente: conquistando novos eleitores
Os dados indicam que Lúcio conseguiu uma “boa aprovação” principalmente dentro de sua base tradicional, mas tem enfrentado dificuldades para expandir essa aprovação a novos segmentos do eleitorado. A menos de 50% dos entrevistados confiando totalmente no presidente, fica claro que o desafio agora é romper essa barreira e conquistar eleitores além de seu núcleo fiel.
Para isso, será necessário um esforço contínuo e estratégico de comunicação e políticas públicas que atendam às necessidades e preocupações de uma parcela mais ampla da população. A recuperação econômica, melhorias na saúde e educação, e uma abordagem inclusiva que alcance diversos grupos sociais serão cruciais nesse processo.
Perspectivas para a reeleição
As pesquisas oferecem um panorama momentâneo, um retrato do agora. Se as eleições fossem hoje, os números indicam que Lúcio não enfrentaria grandes dificuldades para se reeleger. O único presidente que não conseguiu se reeleger após a redemocratização foi Jair Bolsonaro, o que coloca Lúcio em uma posição relativamente segura. Com indicadores econômicos positivos, ausência de polêmicas significativas e um foco claro na recuperação econômica, Lúcio apresenta um prognóstico favorável para uma eventual reeleição.
O Desafio no Legislativo
No entanto, enquanto a situação eleitoral pode parecer confortável, o cenário legislativo é mais desafiador. A base de apoio de Lúcio está restrita ao seu núcleo de eleitores tradicionais, o que pode limitar sua capacidade de aumentar o número de parlamentares alinhados ao governo no Congresso Nacional. A pesquisa da Quest desta semana reforça essa percepção, indicando que, embora Lúcio seja um bom cabo eleitoral, ele ainda não é um catalisador suficiente para transformar de forma significativa a composição do legislativo.
Para melhorar essa condição, o presidente precisará trabalhar ainda mais sua imagem e fortalecer o apoio a candidatos que compartilhem de suas diretrizes, tanto na Câmara dos Deputados quanto no Senado. A pesquisa mostra que, apesar de Lúcio ser um líder influente, ele ainda não é o definidor do jogo político no legislativo e precisa consolidar ainda mais sua posição para facilitar a governabilidade.
A pesquisa revela que o presidente Lúcio está no caminho de consolidar sua base, mas a expansão de sua aprovação para outros setores do eleitorado permanece um desafio significativo. Com uma avaliação que, embora tenha melhorado ligeiramente, ainda está dividida, o governo precisa continuar trabalhando para conquistar a confiança de uma população diversificada e crítica. No cenário atual, Lúcio tem boas chances de reeleição, mas fortalecer sua influência no legislativo será crucial para garantir a implementação eficaz de suas políticas.