Antônio Carlos, ex-ministro da Defesa, observa o ex-presidente Jair Bolsonaro. Foto: Cristiano Mariz

O ex-ministro da Defesa Antônio Carlos, um dos 37 indiciados pela Polícia Federal por envolvimento em um plano de golpe de Estado, demonstrou sua frustração com o ex-presidente Jair Bolsonaro (PL) durante a trama. Mensagens interceptadas pela PF mostram o general reclamando da falta de respostas do ex-presidente, que se encontrava isolado na Flórida (EUA) desde o final de 2022.

“Mando mensagem pro PR, mas ele não fala nada, apenas encaminha o de sempre. Chega a ser ingrato, mas tudo bem”, escreveu Antônio Carlos ao tenente-coronel Mauro Cid, ex-ajudante de ordens de Bolsonaro, em 19 de janeiro de 2023.

O desabafo ocorreu dias após os ataques de 8 de janeiro, quando bolsonaristas invadiram as sedes dos Três Poderes em Brasília, e Bolsonaro continuava ausente do país, sem sinalizar um retorno ao Brasil.

Na mesma mensagem, Antônio Carlos questionou os planos de Bolsonaro: “Quais são os planos dele, volta quando? Estamos aqui, acompanhando tudo e defendendo sempre o PR. Abraço! Selva!”.

Relatórios da PF indicam que, semanas antes, em 2 de janeiro de 2023, Mauro Cid havia compartilhado preocupações com a possibilidade de ser preso por ordem do ministro do Supremo Tribunal Federal (STF) Alexandre de Moraes. Antônio Carlos tentou tranquilizá-lo, criticando o uso excessivo de mídias sociais pelo ex-presidente: “Bom dia, amigo! Vai acreditar em tudo que mandam??? Um dos maiores erros do PR foi acreditar muito nas mídias sociais! Estamos juntos!”, respondeu.

Cid, no entanto, manteve cautela e afirmou: “Eu tenho que me preparar para todas as linhas de ação que o inimigo possa tomar”.

Antônio Carlos, ex-ministro da Defesa, é um dos 37 indiciados pela trama golpista. Foto: reprodução

O relatório da PF aponta que Antônio Carlos atuou para pressionar comandantes das Forças Armadas a aderirem a um plano golpista que visava manter Bolsonaro no poder e impedir a posse de Luiz Inácio Lula da Silva (PT). O plano previa ainda a morte do presidente eleito, de seu vice, Geraldo Alckmin (PSB) e do ministro Moraes.

Segundo depoimento do brigadeiro Baptista Junior, ex-comandante da Aeronáutica, o general convocou uma reunião no Ministério da Defesa, em 14 de dezembro de 2022, na qual apresentou uma minuta com teor golpista.

O brigadeiro relatou à PF que, ao questionar se o documento previa impedir a posse de Lula, Antônio Carlos permaneceu em silêncio, o que ele interpretou como uma confirmação. “Disse ao ministro que não admitiria sequer receber o documento e que a Aeronáutica não participaria de um golpe de Estado. Em seguida, me retirei da sala”, declarou Baptista Junior.

A investigação aponta que o plano não avançou devido à recusa dos chefes do Exército e da Aeronáutica em apoiar a proposta. Antônio Carlos ainda não se pronunciou publicamente após o indiciamento. A trama golpista se tornou mais evidente com a divulgação dos relatórios da PF, que destacam a tentativa de mobilização interna para minar o Estado Democrático de Direito.

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Last Update: 28/11/2024