O ex-secretário da Receita Federal, José Tostes, não compareceu ao depoimento na Polícia Federal pela segunda vez, na segunda-feira 29.
A oitiva estava marcada para 15h, mas Tostes não compareceu. A Polícia Federal intimou o ex-secretário após ele pedir o adiamento do depoimento na semana passada.
A PF quer ouvir Tostes após a gravação de uma reunião, realizada em agosto de 2020, entre as advogadas do senador Flávio Bolsonaro (PL-RJ) e o ex-presidente Jair Bolsonaro (PL) mostrar que o então presidente orientou que elas falassem com Tostes Neto, na época chefe da Receita.
Durante a discussão, Bolsonaro afirmou que “é o caso de conversar com o chefe da Receita”. Mais tarde, Alexandre Ramagem, então chefe da Abin, sugeriu às advogadas que “a melhor saída é dentro da Receita, pegando sério”.
A ideia seria blindar o filho de Bolsonaro em investigação sobre ‘rachadinhas’. Tostes seria ouvido na condição de testemunhas na investigação da PF que apura o monitoramento ilegal que teve como alvos jornalistas, advogados, parlamentares e ministros do STF.
Funcionários, servidores e policiais lotados na Abin teriam organizado o esquema com o objetivo de obter vantagens políticas, por meio da invasão de celulares e computadores e da produção de dossiês contra adversários.
A ferramenta utilizada para o suposto esquema de arapongagem é a First Mile, comprada da empresa israelense Cognyte por 5,7 milhões de reais, sem licitação, ainda no governo de Michel Temer. O software permite rastrear pessoas a partir dos dados transferidos dos celulares por meio de torres de comunicação.