Por Moisés Mendes
Uma figura da extrema direita vem reaparecendo no noticiário, depois de meses fora da vitrine do bolsonarismo. Jorge Seif, senador do PL de Santa Catarina, ficou por um longo período na moita, mas está aí de volta às manchetes.
Seif parece ser um personagem da turma intermediária do bolsonarismo, sem projeção nacional, mas é um dos mais importantes líderes dessa turma em Santa Catarina.
O senador está, desde abril do ano passado, dependurado no pincel, com seu caso, sob julgamento no Tribunal Superior Eleitoral, suspenso por uma decisão inesperada. O TRE de Santa Catarina o absolveu e houve recurso em Brasília por parte da coligação Bora Trabalhar (PSD, Patriota e União).
O relator do recurso sobre abuso de poder econômico, quando da eleição de 2022, o ministro Floriano de Azevedo Marques, determinou que novas provas fossem colhidas.
Mas isso foi em abril. É uma decisão incomum em que o TSE tranca o julgamento de um processo para pedir mais provas. Nesse caso, sobre o uso pelo então candidato de aeronaves do empresário Luciano Hang.
Sim, o autoproclamado véio da Havan está envolvido também nessa história, porque teria favorecido o candidato bolsonarista com o suporte da sua empresa, como ocorreu em outras situações, já com condenação.
Seif sumiu por um tempo e reapareceu com força em dezembro do ano passado, quando disse, nas redes sociais, que o homem jogado de uma ponte por um PM de Tarcísio de Freitas deveria ter sido empurrado de um penhasco.
Referiu-se genericamente aos “vagabundos” liberados pelo sistema de Justiça (não havia nada contra a vítima) e depois apagou o post e disse ter se arrependido. Tocou o apito e sugeriu um recuo.
Agora, na posse de Trump, fez parte da comitiva de parlamentares que, sem convite para participar da solenidade no Capitólio, viu o evento por um telão no hotel e foi a um baile, de gravata borboleta (é o primeiro à direita na foto), com outros colegas. Mandou dizer ao TSE que está bailante e confiante.
E nesse domingo reapareceu como participante da “ala mais radical” do golpismo, no vazamento de informações à Folha da primeira delação do coronel Mauro Cid.
O ajudante de ordens de Bolsonaro e Michelle disse à Polícia Federal, em agosto de 2023, que várias alas tramavam o golpe e interagiam com Bolsonaro.
O senador é citado pelo delator, ao lado de Michelle, do general Mário Fernandes, de Magno Malta, Onyx Lorenzoni e Eduardo Bolsonaro, como um golpista insistente e radical.
Por que Seif é notícia, por participação em bailes e agora, de novo, como um dos articuladores do golpe, como alguém livre e solto? Por isso mesmo, por estar livre e solto para ser bailarino.
Porque não foi alcançado pelo sistema de Justiça e porque se sente seguro de que não acontecerá nada com ele. A decisão do TSE de adiar o julgamento do seu caso foi um jeito de empurrar a ação, para medir seu poder político.
O TSE, que livrou Sergio Moro de condenação, deu a entender que não sabia o que fazer com Seif. E até agora não sabe, desde abril. Com um detalhe: apesar de delatado, não há nada até agora formalmente contra Seif como golpista. É forte esse Jorge Seif.
Originalmente publicado no Blog do Moisés Mendes
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