A imprensa da esquerda pequeno burguesa e seus redatores tem em Neymar um Judas a ser malhado independente do que o jogador venha a fazer. Se jogar, se não jogar, se sorrir, se chorar, se ganhar, se perder. Neymar nunca estará correto, segundo a régua torta da esquerda.

Quando as matérias ganham esse contorno, é sinal que existe uma campanha em andamento. E, no caso de Neymar, tanto a imprensa capitalista quanto a esquerda pequeno burguesa possuem a mesmíssima opinião.

Dessa vez, Ricardo Nêggo Tom, redator do Brasil 247, escreveu que “que o menino Ney é mais um ator da escola bolsonarista de teatro”, quando o jogador santista saiu de campo aos prantos após o seu clube, o Santos, perder de seis a zero do Vasco, em uma goleada humilhante.

Na opinião dele, Neymar deveria “exercer o seu papel de capitão do time e passar força para os companheiros diante de um revés histórico”. O que Neymar deveria ou não fazer, é assunto para mais de mil horas em bares pelo Brasil.

Mas o fato de chorar ser algo teatral e mesmo bolsonarista, é uma artimanha desonesta para levar o leitor para conclusões erradas. O que tem a ver o fato do Santos perder de 6 a zero, com Neymar chorando, e com Bolsonaro? Nada. Isso é uma intriga, não é jornalismo, e serve para manipular opiniões.

Diante da derrota, Neymar afirmou que “É a maior derrota da minha carreira. Nunca tinha passado por isso na minha vida”. Para o esquerdista do Brasil 247, essa é “uma frase que expressa todo o seu ego em detrimento dos seus demais companheiros de equipe, que talvez também nunca tivessem passado por tal vexame”.

Ora bolas, Neymar é um dos melhores jogadores da atualidade, se não o melhor. E um dos maiores das últimas décadas. De onde o Nêggo Tom concluiu que uma personalidade dessas seria o retrato da mais pura humildade? Ainda mais no futebol.

“O choro de Neymar lembra as lágrimas furtivas e fascistas de Bolsonaro que, por coincidência, conta com o apoio do nosso eterno menino. Lágrimas de quem sabe que fez caquinha na roupa e tenta tirar o corpo fora, como se fosse possível se livrar do cheiro de bobagem que está impregnado nele”. Diz o humilde redator do Brasil 247. De fato, perto de Neymar quem é ele?

Mas cabe uma reflexão mais interessante. Se o ocorrido fosse com a senhora Erika Hilton? A reação seria completamente inversa. Toda imprensa iria destacar a origem humilde de Hilton, a pressão, as ofensas, o tanto que ela sofreu, as lágrimas doloridas, maravilhosas e empoderadas; a significância, o simbolismo, a representatividade, etc. 

Porque com Neymar o raciocínio “negro de origem humilde, agora empoderado, divo e blindado” não funciona?

Por vários motivos, mas o primeiro e mais importante é que Neymar e o futebol que ele pratica não é de interesse do imperialismo, especialmente pelo fato de que o que ele faz é real, e, de fato, é muito superior ao praticado pelos gringos, não é uma farsa, é um fator de orgulho real do povo brasileiro. 

Não se trata de uma farsa identitária financiada pelo Itaú, mas de uma questão objetiva, do futebol brasileiro que é superior ao europeu. Uma verdadeira forma de afirmação, apesar da imprensa nacional de esquerda e de direita. 

Mas “povo brasileiro” é muita gente. É preciso ser claro, Neymar e seu futebol é orgulho da classe trabalhadora brasileira, não da classe média que sempre odiou as práticas e esportes populares. 

Por isso Nêggo Tom afirma que “a vaidade de Neymar não poderia permitir, mesmo diante da humilhação imposta, que outro personagem lhe roubasse os holofotes”. Esse não conhece de futebol, não sabe o que é o camisa 10, não sabe o que é um craque. Obviamente o peso e a responsabilidade está com ele. 

E onde entra Bolsonaro na história de Nêggo Tom? “Bolsonaro já fez isso em diversos cultos evangélicos, em que Jesus Cristo deveria ser o protagonista dentro da igreja, mas ele faz de tudo para se colocar acima de tudo e de todos. Até acima de Deus”. 

É só reler o trecho para ver que o redator do Brasil 247 está totalmente mal intencionado e desenvolveu uma fofoca contra Neymar: chorar em campo é ser bolsonarista e é estar acima de Deus. A intriga não é lógica.

“O pranto de Neymar deve comover tanto quanto o pedido de anistia por parte dos golpistas que tentaram dar um golpe no país, por não aceitarem a vitória de Lula nas eleições”. 

Diante de todas as calúnias contra Neymar, agora soma-se mais uma. Que ele não tem sentimentos, ou que não deveria ter, que é um farsante como os bolsonaristas. 

“Neymar também pode ter chorado tentando comover o técnico da seleção brasileira, Carlo Ancelotti”. O redator não se deu conta de que, com esses argumentos, ele próprio se mostra completamente insensível e um selvagem.

A ideia é jogar o leitor contra Neymar, mas o efeito é reverso. O leitor normal, de carne e osso, está se indispondo com o redator.

É esse espírito inquisitorial que está fomentando as ações do STF contra os bolsonaristas. O espírito da selvageria. E esse é o trato dado a Neymar desde sempre.

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Last Update: 22/08/2025