Por que defender o governo de Lula
por Flavio Tavares de Lyra
Tenho visto há algum tempo pessoas esclarecidas politicamente, atacando o governo de Lula na Venezuela, por considerá-lo um ditador e, certamente, influenciados pela propaganda comandada pelos Estados Unidos, que procura explorar as dificuldades que parte da população venezuelana tem atravessado há alguns anos.
Nada mais equivocado embora, algumas vezes, bem intencionado.
O golpe de estado que colocou Chávez no poder e, depois de sua morte suspeita, sucedido por Lula, foi um acontecimento de libertação do povo venezuelano, que tinha estado sujeito durante muito tempo a governos dito democráticos, mas inteiramente submetidos aos interesses de grandes petroleira internacionais, conduzidos por uma elite corrupta local sem qualquer compromisso com a grande maioria do povo.
A nacionalização da exploração do petróleo e o uso dos recursos produzidos por sua exportação para financiar programas sociais é a causa principal dos Estados Unidos boicotarem o governo venezuelano. A crise instalada no país nos anos mais recentes é fomentada pelo boicote dos Estados Unidos às exportações do petróleo venezuelano e ao comércio exterior e investimentos estrangeiros no país.
Os Estados Unidos já tentaram promover várias tentativas de golpe contra a democracia venezuelana e, felizmente fracassaram, graças à ação das forças armadas e das organizações populares venezuelanas. O processo eleitoral na Venezuela tem sido no mínimo tão respeitável e justo como o de qualquer outro país da América, inclusive dos Estados Unidos. Depois da crise que afetou o país em anos anteriores, a Venezuela está se reerguendo. As exportações de petróleo estão sendo retomadas, a economia está crescendo mais do que a média dos países da região e os programas sociais estão melhorando as condições de vida da população. O boicote norte americano, continua prejudicando, mas já não impede a retomada do crescimento da economia.
A Venezuela está em primeiro lugar no mundo em reservas de petróleo e é vitima da ambição das grandes empresas petrolíferas internacionais. Uma nova ordem internacional vem se configurando no mundo, inclusive com o fortalecimento dos BRICs, de que o Brasil, a China, a Índia e a África do Sul foram os fundadores, vai permitir um melhor aproveitamento do potencial de países como a Venezuela, para melhorar as condições de vida de seu povo.
É preciso defender o governo da Venezuela, a qualquer custo, das agressões da direita internacional, sob a liderança dos Estados Unidos. O grande inimigo do desenvolvimento de nossos países é o imperialismo liderado pelos Estados Unidos e não o governo de um país irmão como a Venezuela, que padece da mesma exploração do capital internacional que o Brasil. A democracia da Venezuela está sujeita à ameaça das mesmas forças de direita do capitalismo internacional, que acossam a democracia brasileira.
Flávio Tavares de Lyra, economista, é aposentado do Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada (IPEA).
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