A morte de Juliana Marins, brasileira de 24 anos que caiu durante uma trilha na Indonésia, foi usada como pretexto por aliados do ex-presidente Jair Bolsonaro (PL) para atacar o governo Lula (PT). Parlamentares da oposição cobraram o uso de um avião da FAB para repatriar o corpo. O Itamaraty, no entanto, afirmou que os custos com transporte internacional são de responsabilidade da família.
O que eles esqueceram foi que, em 2020, Bolsonaro se recusou a resgatar 70 brasileiros na Ásia durante o auge do surto de coronavírus na China.
O grupo, na época, estava isolado na província de Hubei, onde fica Wuhan, epicentro do surto.
Apesar de necessitarem de suporte urgente, o ex-presidente ignorou apelos e descartou qualquer plano de resgate, alegando riscos à saúde pública e dificuldades logísticas.
“Não seria oportuno tirar de lá, com todo o respeito. Pelo contrário, agora não vamos colocar em risco nós aqui por uma família apenas”, afirmou o ex-chefe de Estado na época.
O caso de Juliana é totalmente diferente. O Ministério das Relações Exteriores afirmou que não é responsabilidade do órgão arcar com os custos do transporte do corpo. A legislação brasileira não permite que o governo pague por essas despesas neste tipo de situação.
Em situações como essa, o papel do governo brasileiro é restrito à cooperação e não substitui a soberania do país local.
Entenda o caso
Depois de ficar quatro dias aguardando resgate, Juliana foi encontrada morta na terça-feira (24). A ação para içar o corpo da jovem mobilizou três equipes.
O corpo foi içado e levado em uma maca até a base de Sembalun, de onde seguiu de aeronave até o hospital Bayangkara.
A jovem era natural do Rio de Janeiro e moradora de Niterói. Ela era formada em Publicidade pela UFRJ e praticava pole dance.
Juliana fazia uma viagem pela Ásia quando decidiu realizar a trilha no Monte Rinjani, acompanhada de outros turistas.
