A recente controvérsia no aumento do Imposto sobre Operações Financeiras, o IOF, fez com que ministérios do governo Lula (PT) batessem a cabeça nesta última semana. O motivo? A falta de diálogo entre as pastas e o lançamento de programas e medidas sem a consulta da Secretaria de Comunicação da Presidência da República, a Secom.
Conforme a Folha de S.Paulo antecipou, o decreto do Ministério da Fazenda para o reajuste do IOF chegou à mesa do ministro da Casa Civil, Rui Costa, menos de 24h antes de ser publicado no Diário Oficial da União. Não havia tempo suficiente para a análise política e jurídica do texto.
Na Secom, comandada por Sidônio Palmeira, o mal-estar foi maior: a pasta não foi sequer informada nas discussões iniciais da Fazenda, deixando o governo sem uma estratégia de comunicação para um tema sensível. O clima entre os assessores é de insatisfação.
Diante da crise, o presidente Lula determinou que todos os anúncios de medidas importantes passem antes pela Secom. Caberá a Sidônio definir se a proposta exige campanha própria ou tratamento específico de comunicação.
A queixa recorrente entre integrantes da secretaria é que o órgão tem operado em ritmo de urgência constante, sendo acionado apenas para ‘apagar incêndios’ – como ocorreu na “crise do Pix”, na devassa no INSS e agora com o IOF.
Em entrevista ao O Globo, no último domingo 25, o ministro da Fazenda, Fernando Haddad, disse que a Secom “nunca participou dos relatórios bimestrais” e por isso ficou de fora das discussões sobre o reajuste. Segundo o petista, tudo foi discutido “na mesa do presidente”.
“A comunicação nunca participou dos relatórios bimestrais. Ela é que julga a pertinência de se envolver num tema ou outro. Isso foi debatido na mesa do presidente. E o presidente convoca os ministros que ele considera pertinentes para o caso. Essa é a atribuição do presidente da República”, disse Haddad.