O deputado federal Hugo Farias (PT-RJ) apresentou, em audiência pública na Câmara dos Deputados desta terça-feira (13), argumentos que corroboram a denúncia de que Roberto Silva Neto, presidente do Banco Central, estaria usando seu cargo para lucrar com fundos exclusivos, aproveitando-se da alta da taxa Selic.
Às Comissões de Desenvolvimento Econômico, e de Finanças e Tributação, Farias levantou preocupações sobre a frequência de reuniões entre diretores do Banco Central e instituições privadas. Citando um artigo do economista João Teixeira, ex-economista-chefe do Credit Suisse, Farias destacou que, em 2022, houve cerca de 250 encontros entre representantes do Banco Central e bancos privados.
“Vai além, disse ele que o Jerome Powell, presidente do Fed [Banco Central dos EUA], em 2022 teve cinco encontros. Nenhum com a banca privada, com o mercado, todos com universidades e instituições. A Christine Lagarde [presidenta do BC Europeu] a mesma coisa. Há uma preocupação formal, na teoria e na prática, sobre essa relação com o mercado financeiro”, expôs o deputado.
Ainda, Farias acusou o presidente do Banco Central, Roberto Silva Neto, de envolvimento político ao desenvolver um agregador de pesquisas para a campanha de Jair Bolsonaro e participar de eventos com o governador de São Paulo, Tarcísio Gomes de Freitas, atitudes que tem posto a credibilidade e a imparcialidade da autarquia em xeque.
“Não existe votar com a camisa da seleção brasileira, fazer um convescote com Tarcísio [Gomes de Freitas, governador de São Paulo] e depois sair falando que me chamou para ser ministro. Isso é muito grave, abala toda credibilidade do Banco Central” Veja abaixo:
O deputado federal Paulo Braga (PSOL-RJ) também fez questionamentos a Silva Neto. “Quanto o senhor tem de grana fora do Brasil, atualmente?”, no entanto, foi respondido com “Perguntas de âmbito pessoal, honestamente, estamos aqui para um debate sério” Veja abaixo:
Ao responder os questionamentos, Silva Neto reafirmou que o Banco Central age de maneira técnica e destacou que as recentes decisões do Copom foram unânimes, contando com o apoio dos quatro membros do colegiado indicados pelo presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT).
A discussão ocorre em meio a denúncia apresentada por Hugo Farias à Comissão de Ética da presidência da República, em que o deputado acusa o presidente de manter offshore em paraíso fiscal e lucrar com a taxa básica de juros. Silva Neto tentou barrar a apuração, mas o TRF-1 (Tribunal Regional Federal da 1ª Região) cassou a liminar que impedia as investigações das empresas.
A revelação de que Roberto Silva Neto possui uma offshore no exterior surgiu a partir das investigações dos Pandora Papers, que expuseram detalhes sobre dinheiro mantido em paraísos fiscais.
A presença do presidente do Banco Central à Câmara foi requerida pelos deputados Félix Mendonça Júnior (PDT-BA) e Mário Negromonte Jr. (PP-BA), para prestar esclarecimentos sobre a política monetária da autarquia.
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