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A produção de carros elétricos mudou radicalmente nos últimos tempos. Desde o final de 2023, a maior empresa de carros elétricos em vendas do mundo é a chinesa BYD e, apesar das barreiras tarifárias, tudo indica que continuará a liderar por muitos anos. A evolução da robótica na China é impressionante. Em 2022, a China sozinha já tinha ultrapassado o resto dos países todos juntos na instalação de robôs industriais: 290.000 face a 263.000. Para além dos robôs, um estudo recente do Joint Research Center da UE sobre “fabricação avançada” (fábricas que combinam robótica, IA, impressão 3D e sistemas de dados dinâmicos) sublinha a esmagadora superioridade da China e a tendência em aumentar o fosso em relação à UE e aos EUA. Enquanto a China tem cerca de 20.000 “indústrias avançadas”, os EUA têm cerca de 7.500 e a Europa 4.500. Mas o que melhor demonstra a superioridade do sistema econômico chinês é o ritmo acelerado de crescimento deste tipo de indústrias. Enquanto o crescimento destas fábricas desde 2009 foi de 130% na UE e de 75% nos EUA, na China atingiu 571%.
A crise de superprodução tem reduzido as possibilidades de investimento produtivo lucrativo em todo o mundo. Nos países imperialistas o acúmulo de mais valia extraído dos trabalhadores é principalmente direcionado para a especulação financeira improdutiva. A burocracia chinesa conseguiu forçar a burguesia chinesa e estrangeira a direcionar a acumulação de capital para a inovação tecnológica e o crescimento da produtividade.
O avanço da China não poderá evitar a continuidade da crise, pois a superprodução cresce cada vez mais abarrotando a economia mundial de excedentes não realizáveis. De qualquer forma, o que é mais importante é que a China está ampliando seu domínio em todos os setores e evidencia um desempenho econômico que contribui para reduzir os custos da crise de forma muito mais eficiente que os EUA, a Europa e o resto dos países capitalistas.
O avanço na produção científica
A revista Nature elabora desde 2014 um índice de produção científica global. Naquele ano, a China ficou em segundo lugar, e sua contribuição para artigos elegíveis foi inferior a um terço da dos Estados Unidos. Em 2023, a China já passou a ocupar o primeiro lugar. A revista britânica The Economist, que sempre procurou denegrir a economia chinesa, reconheceu, em um artigo recente, que a China é hoje líder em investigação aplicada e que também está a caminho de liderar, a curto prazo, investigação fundamental (investigação fundamental é a que faz progredir o conhecimento sem aplicação imediata, enquanto a investigação aplicada está orientada para a resolução de problemas).
A resposta dos EUA ao desafio chinês agrava a crise e afunda a Europa
O imperialismo norte americano não tem ficado inerte diante da ascensão da China. Tanto Republicanos como Democratas identificaram a China como o grande inimigo a ser destruído e buscam alternativas para conter seu próprio declínio. Trump foi o primeiro a aplicar sanções económicas à China, tanto através de aumentos tarifários como através de ataques diretos a grandes empresas chinesas, como a Huawei. O impacto contraditório destas medidas, que afetaram negativamente a economia dos EUA em maior escala do que a da China, não foi suficiente para que Biden interrompesse esta política.
A 14 de maio, tendo em vista as próximas eleições, a Casa Branca impôs tarifas de 25% sobre artigos como o aço, o alumínio e as baterias de lítio, de 50% sobre semicondutores, células solares, seringas e agulhas e de 100% sobre veículos elétricos.
Além disso, devem ser adotadas novas medidas contra as importações da China de guindastes e máquinas para refinar terras raras.
A resposta de Trump foi imediata. Ele propõe aumentar estas tarifas para um mínimo de 60% e, no caso dos carros elétricos, até 200%. A guerra comercial dos EUA com a China veio para ficar e se aprofundar apesar dos prejuízos à economia dos EUA e dos outros países que têm comércio com os EUA. Internamente, as tarifas produziram aumentos de preços, agravando as ameaças de inflação e obrigando à manutenção de elevadas taxas de juro que comprometem o crescimento da economia estado-unidense.
No plano internacional, a guerra comercial afeta negativamente um grande número de países parceiros dos EUA e não impede o desenvolvimento industrial da China e acelera a sua integração das cadeias de produção. Grande parte dos produtos chineses possuem componentes fabricados noutros países e vice-versa. Os EUA serão obrigados a adotar retaliações com todos os países que têm comércio com a China. Desta forma, a guerra comercial dos EUA contra a China se transformará numa guerra dos EUA contra todo o mundo. O imperialismo norte americano mostrará, assim, que a “ordem internacional baseada em regras” longe de ser uma garantia de equilíbrio e paz mundial, é na verdade o principal fator de caos, genocídios, crises e militarização globais.
A vassalagem da União Europeia
No afã de derrotar o inimigo chinês, os EUA tomaram uma série de medidas para tentar inverter o seu declínio, medidas que prejudicam diretamente a Europa e, indiretamente, a economia mundial. O governo Biden levou a cabo uma política de atração de investimento estrangeiro para os EUA a qualquer preço. Para além dos inúmeros estímulos já em vigor, através da sua Lei de Redução da Inflação, a Administração estadunidense aprovou subsídios multimilionários para deslocalizar indústrias que estão atualmente sediadas em território europeu.
Na verdade o imperialismo estado-unidense, por mais que pareça aceitar a política nacionalista de Trump, têm interesses importantes na China e quer salvaguardá-los. De 2006 a 2022, o investimento direto dos EUA na China quintuplicou, sem contar os investimentos de empresas de outros países com participações significativas em fundos de investimento ou bancos dos EUA. Por que os capitalistas estadunidenses renunciariam a uma parte dos lucros gerados pela expansão econômica chinesa?
Os diferenciais das taxas de juro certamente não atrairão investimento produtivo para os EUA, mas apenas capital especulativo. O carry trade, pedir dinheiro emprestado em países com taxas de juros baixas, investindo-o em dívida dos EUA a taxas de juros altas, reembolsando o crédito inicial no vencimento da dívida ou vendendo-o em mercados secundários e embolsando a diferença sem ter arriscado um centavo, está crescendo rapidamente.
Este enorme fluxo de capital especulativo para os EUA gera dois efeitos graves. Por um lado, faz subir os preços dos ativos, ajudando assim a manter a inflação elevada. E, por outro, empobrece ainda mais a classe trabalhadora estadunidense, que é aquela que, em última análise, paga com o seu trabalho os lucros dos especuladores parasitas.
Se os capitalistas americanos não dão a mínima importância para a situação da classe operária, certamente se preocupam com a situação crítica das empresas no seu país. O número de empresas estadunidenses em falência já atingiu um máximo em 14 anos, uma situação aceitável numa recessão, mas não num período supostamente expansionista. As falências de empresas também atingiram recentemente máximos de quase uma década ou mais no Canadá, no Reino Unido e em França.
A União Europeia é, certamente, a região mais afetada negativamente pela política econômica dos EUA. As sanções à Rússia devido à guerra na Ucrânia, levaram a Alemanha à recessão e a um retrocesso industrial gigantesco. Os EUA obrigaram a Europa a abrir mão do gás barato russo e a comprar gás estado-unidense a um preço quatro vezes superior ao gás russo. Além disso, a política de Biden de tentar deslocalizar empresas em solo europeu para os EUA demonstra ter um custo desmesurado para os cidadãos europeus.
A UE tenta competir com o estímulo económico de Biden, oferecendo às empresas europeias subsídios multimilionários para que não saiam. O caso da Northvolt, uma empresa sueca que fabrica baterias elétricas, é muito representativo dos resultados destas políticas. A empresa recebeu o maior subsídio alguma vez dado a uma empresa, cerca de 902 milhões de euros, para instalar uma fábrica na Alemanha. O empreendimento, no entanto, teve um resultado totalmente negativo. A BMW acaba de rescindir o seu contrato com a empresa, devido à incapacidade da Northvolt de cumpri-lo e à má qualidade dos seus produtos. Os prejuízos da empresa triplicaram para 118,3 milhões de euros.
Como se não bastasse, a vassalagem da UE aos EUA chegou a um grau devastador. Em 4 de julho passado, a UE decidiu impor tarifas sobre os carros elétricos chineses apesar da oposição do governo alemão. Em 2022, pela primeira vez na história, a Alemanha importou mais carros e máquinas do gigante asiático do que exportou. Um estudo recente da Allianz Research conclui que a China ultrapassou a Alemanha em setores-chave do mercado global de exportação. Por exemplo, a participação da China nas exportações de máquinas e equipamentos subiu para 29% em 2022, em comparação com 15% para a Alemanha.
A decadência do imperialismo avança
As medidas contra a China não têm qualquer efeito sobre o declínio dos países capitalistas ocidentais. Dois fatos provam essa tese. Primeiro, a queda da importância do dólar como moeda de reserva internacional. No final da década de 1970, 85% das reservas cambiais mundiais eram denominadas em dólares. Neste século, o dólar perdeu gradualmente posições nas reservas mundiais, passando de 70% em 2000 para um nível atual de 55%, de acordo com os últimos dados fornecidos pelo FMI há poucos dias.
Segundo, o declínio da influência do G-7 (o grupo de países supostamente mais poderosos do mundo) na economia mundial. Em 1975 o grupo representava 70% do total, mas em 2022 recuou para 43,4%. A recente cúpula do G-7, presidida pela líder fascista Meloni, criticou o apoio da China à Rússia, porque lhe facilitou ultrapassar as dificuldades criadas pelas sanções econômicas e construir uma economia de guerra sólida que lhe permitirá, mais cedo ou mais tarde, alcançar uma vitória clara na Ucrânia. Mas a realidade é que as ameaças do G-7 apenas refletem a sua crescente impotência.
A sua fraqueza, que é a fraqueza do imperialismo mundial, é agravada dia após dia pela polarização interna que os governos burgueses alimentam com as suas políticas. As divisões na classe dominante europeia e estadunidense aprofundam-se e são irreconciliáveis, e