Os últimos acontecimentos na área econômica do governo, com o “congelamento” de mais de R$31 bilhões do já combalido orçamento federal — que tem quase metade do seu montante desviado para os bancos, a título de pagamento de juros e serviços da fraudulenta dívida pública —, seguido do recuo anunciado pelo Ministério da Fazenda no aumento da tributação do IOF para ganhos especulativos de capital estrangeiro na jogatina do mercado financeiro, deixam ainda mais claro que a gestão econômica de Fernando Haddad está voltada para os interesses dos bancos internacionais.

No começo do ano, diante da manutenção da política de elevação da taxa de juros em favor dos banqueiros pelo novo comando do Banco Central, tendo à frente Gabriel Galípolo, indicado por Haddad, o presidente e o ministro repetiram à exaustão que não era possível dar um “cavalo de pau” na economia — o que significaria reverter a política do antigo presidente do BC, o bolsonarista Campos Neto —, que o próprio governo e toda a esquerda classificavam como sendo antinacionalista, um obstáculo ao desenvolvimento da economia nacional etc.

O “novo” comando do BC e toda a equipe econômica não só não deram um “cavalo de pau”, como mantêm ipsis litteris a política entreguista anterior — e até a aprofundam —, elevando as taxas de juros que garantem a entrega de cerca de R$2 trilhões por ano do orçamento federal para os bancos a título de pagamento de juros, serviços e amortização da fraudulenta dívida pública, que não para de crescer.

Mostrando sua submissão e desmoralizando ainda mais o governo, o ministro Haddad, poucas horas depois de ter anunciado um conjunto de medidas para aumentar a arrecadação, voltou atrás naquela que incomodava os agiotas e especuladores internacionais que ganham dinheiro na jogatina do mercado financeiro brasileiro, mantendo as demais medidas que afetam o consumidor e os serviços públicos nacionais.

Nem de longe se trata de uma novidade. O servilismo da equipe econômica aos interesses do grande capital tem uma extensa lista de serviços prestados aos banqueiros e ao grande capital contra o povo trabalhador, que inclui a redução do reajuste do já minguado salário mínimo; o “congelamento” do Bolsa Família por mais de dois anos; a não correção da tabela do Imposto de Renda (defasada em mais de 150%); a instituição do “imposto sobre as bugigangas”; o anúncio (do qual também teve que recuar) de que criaria um mecanismo para taxar o Pix, etc., etc., etc.

Trata-se de uma política destrutiva para o próprio Lula, além das graves consequências para a imensa maioria do povo brasileiro. Uma verdadeira política suicida que, a cada dia, vai enfraquecendo e debilitando ainda mais o já combalido governo.

Ao contrário do que se apregoava, essa política covarde, de submissão, não rende qualquer apoio ou solidariedade dos tubarões capitalistas e da sua venal imprensa em relação ao governo.

Pelo contrário: a cada “pisada na bola” da equipe econômica do governo em relação aos interesses populares, eles não só exigem mais, como demonstram que estão articulando abertamente para se livrar de Lula, ou submetê-lo e desmoralizá-lo ainda mais, eliminando todos e quaisquer resquícios de sua limitada política em favor da maioria da população.

A contribuição de Haddad e cia. nessa empreitada é única e, não por acaso, ele aparece sempre com maior apoio junto ao “mercado financeiro” do que o presidente Lula — embora muito menos “prestigiado” do que os futuros algozes do povo que a burguesia golpista espera ver substituindo-o num futuro próximo.

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Last Update: 25/05/2025