Com esses olhos e ouvidos que a terra há de comer, ouvi ou assisti ao vivo ou em vídeo os maiores momentos da música brasileira nas últimas décadas. Emocionei-me com Jacob e Elizeth cantando “Barracão”, com a banda de Tom Jobim em “Águas de Março”, com Chico, Milton, Caetano e Gal acompanhando Mercedes Soza.
Mas poucas vezes me emocionei tanto quanto a música, e o vídeo, de “Rezadeira”, do rapper Projota. É uma obra prima em estado bruto, com um lirismo selvagem, retratando a selva enfrentada pelos meninos do morro. Não tem a musicalidade do samba. Tem uma história sendo contada em cima de um bordão, se estendendo em um roteiro trágico. Quando o público puxa o refrão, parece um coral de anjos rebeldes acompanhando o espírito do menino morto.
A maneira como a música vai ganhando intensidade, com o coral se ampliando e a tragédia sendo desenhada em torno do mesmo bordão é um clássico que ouso comparar a “Águas de Março”. A empatia com o público não fica nada a dever aos melhores momentos da MPB e do rock nacional.
Projota tem outras obras-primas, como “Muleque de Vila”, de impacto similar ao “Rezadeira”…
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