Os principais jornais norte-americanos e europeus deram destaque ao Brasil ontem, 23 de julho de 2025, focando especialmente nas tensões diplomáticas e comerciais com os Estados Unidos após o anúncio de tarifas por Donald Trump, e nos desdobramentos políticos envolvendo o ex-presidente Jair Bolsonaro.
Cobertura Norte-Americana
Nos Estados Unidos, jornais como The New York Times e The Washington Post e redes como CNN e Fox News centraram suas atenções nos seguintes pontos:
- Tarifas de Trump ao Brasil: Este foi o tema dominante. As publicações americanas detalharam a ameaça de Trump de impor tarifas de 50% sobre produtos brasileiros, a partir de 1º de agosto.
- Motivação “política”: Houve uma forte ênfase na percepção de que as tarifas não são apenas econômicas, mas também uma retaliação política, com Trump ligando-as explicitamente ao julgamento de Jair Bolsonaro no Brasil. O The New York Times, por exemplo, sugeriu uma “guerra comercial repentina” e destacou a “caça às bruxas” que Trump alega estar sendo feita contra Bolsonaro.
- Reação brasileira: Foi amplamente noticiada a ação do Brasil na Organização Mundial do Comércio (OMC) e a postura firme do governo Lula, com o presidente afirmando que Trump “foi eleito para governar os EUA, não para ser imperador do mundo”. A imprensa americana também mencionou a busca do Brasil por apoio de outros países, como o México, para formar alianças comerciais.
- Situação de Jair Bolsonaro: O caso do ex-presidente foi intimamente ligado às tarifas de Trump.
- Alegações da PF: A imprensa norte-americana destacou a acusação da Polícia Federal de que Bolsonaro teria incentivado sanções de Trump ao Brasil em troca de anistia ou apoio no caso da tentativa de golpe de Estado.
- Medidas cautelares: A resposta da defesa de Bolsonaro ao Supremo Tribunal Federal (STF), negando violação das medidas cautelares (como o uso de tornozeleira eletrônica), também foi abordada, com alguns veículos ressaltando as tensões entre o Judiciário brasileiro e os aliados de Trump.
- Ações de aliados de Trump: A Fox News, em particular, deu visibilidade a ações como a do senador Marco Rubio, que anunciou restrições de visto a um juiz brasileiro envolvido no caso de Bolsonaro, reforçando a narrativa de “perseguição política”.

Cobertura Europeia
Na Europa, veículos como The Guardian, BBC, Deutsche Welle (DW) e jornais de referência como Le Monde e Financial Times também acompanharam de perto os acontecimentos no Brasil:
- Preocupação com a Guerra Comercial Global: A principal lente de análise na Europa foi o impacto das tarifas de Trump no cenário comercial global. As publicações europeias não viram as tarifas como um problema isolado entre EUA e Brasil, mas como um indicativo de um aumento do protecionismo que pode afetar a própria União Europeia. A DW, por exemplo, mencionou a preocupação com uma possível lista de 25 países, incluindo membros da UE, que poderiam enfrentar sanções.
- Fragilidade do Multilateralismo: A ação do Brasil na OMC foi vista como uma defesa do sistema multilateral de comércio em um momento de tensões crescentes. Jornais como o Financial Times analisaram as implicações dessas medidas para a estabilidade econômica mundial.
- Conexão Trump-Bolsonaro: A mídia europeia também fez a ligação explícita entre as tarifas e a situação jurídica de Bolsonaro, como noticiado pelo The Guardian e pela BBC.
- Acusações de interferência: A imprensa europeia reportou as alegações de que Bolsonaro estaria tentando influenciar Trump a impor tarifas ao Brasil, vista como uma tentativa de interferência externa em assuntos internos do país.
- Retorno de Flávio Bolsonaro: Alguns veículos, como o The Guardian, mencionaram o retorno antecipado de Flávio Bolsonaro de férias na Europa, destacando a pressão sobre o ex-presidente e sua família.
Em resumo, tanto a imprensa norte-americana quanto a europeia viram o Brasil no centro de uma crise diplomática e comercial de repercussão global, impulsionada em grande parte pelas ações de Donald Trump e pelos desdobramentos do caso Jair Bolsonaro. A Europa, em particular, manifestou preocupação com as implicações dessas tensões para o sistema comercial multilateral.
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