O Brasil talidomida


Dr. Marcos Andrade

Lançada no comércio em 1956 para o tratamento do vômito, a droga rapidamente se tornou popular entre as grávidas, que se viram livres desse incômodo frequente. Somente em 1961 se conseguiu perceber a relação da droga com as más-formações congênitas ortopédicas. E já eram, então, milhares de bebês mutilados.

Os medicamentos são pensados nos laboratórios, testados com frequência em animais e, a seguir, em pequenos grupos supervisionados de pessoas.

Aí vem a fase de observação no mundo real, que com frequência mostra efeitos negativos e positivos que não tinham sido identificados no período pré-lançamento.

A popular tadalafila, lançada para tratamento cardiológico, foi um fracasso, mas a pesquisa de efeitos colaterais mostrou grande frequência de relatos de ereção espontânea – a salvação do laboratório.

Isso nos mostra a importância de estudos sérios antes das inovações.

Não tendo formação alguma na área financeiro-tributária, mas, como todo brasileiro vítima de um Brasil onde a insegurança jurídico-tributária é prevalente, ando enlouquecido com esta dita Reforma Tributária.

A cada tentativa de se dar um primeiro passo, percebe-se sua absoluta falta de estudos preliminares laboratoriais eficientes.

Tudo o que o chamado lucro presumido trouxe de simplicidade para o empresário e de redução de custos para o órgão fiscalizador está de volta, com a quase obrigatória retomada da opção pelo lucro real – ou da falência. Vem aí, novamente, a corrida por notas fiscais para aumentar gastos e reduzir o lucro, e a consequente megafiscalização para discutir a validade – ou não – de cada abatimento.

A internet já mostra inúmeras manifestações de grandes tributaristas anunciando mega ações judiciais por ilegalidade.

O setor produtivo da área de serviços minguará para hipertrofiar os setores contábeis das empresas.

Não tenho dúvidas: está de volta a talidomida, e os custos serão irreparáveis. A falta de “pernas e braços” incapacitará este nosso Brasil. Mas quem sabe se esta não é a estratégia do momento? Enfraquecer para dominar!

Gostaria muito de atender meus pacientes com tranquilidade e trocar meu tempo gasto conversando com contadores e tributaristas por tempo para estudar medicina – esta, sim, minha paixão!

PS: Ontem liguei para o Cartório de Registro de Imóveis para obter informação sobre o CIB – o “CPF dos imóveis”, que deverá constar nas notas fiscais de aluguéis.

A resposta: nem conhecem esse fato.

Imóvel rural encontrei no Gov; imóvel não rural, não achei.

E deve ser usado em janeiro!!!

(Foto: reprodução/TRF3)

Dr. Marcos Andrade – Cardiologista/Clínica Marcos Andrade

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