Após um crescimento de 1,40% do Índice de Atividade Econômica do Banco Central (IBC-Br), divulgado na sexta-feira (16/8), o mercado financeiro voltou a rever suas projeções para o Produto Interno Bruto (PIB) de 2024, uma prática que já se tornou corriqueira no governo Lula. As novas estimativas apontam para um crescimento de 0,9% no segundo trimestre, quase dobrando a indicação anterior, de 0,5%, de acordo com o Projeções Broadcast. Para 2024, a expectativa é de uma alta de 2,4%, ante 2,2% na projeção anterior, feita em julho. Mas já há quem aposte em um crescimento de 2,5%.
Nesta segunda-feira (19), o Boletim Focus do Banco Central (BC) também destacou que o PIB deve crescer acima do previsto no início do ano, apesar de uma projeção mais conservadora: a mediana do indicador subiu de 2,20% para 2,23%.
Ao mesmo tempo, o Boletim aponta que a inflação continua dentro do teto (4,5%) do centro da meta do BC, estabelecida em 3%. Assim, a mediana das previsões para o Índice Nacional de Preços ao Consumidor Amplo (IPCA) em 2024 ficou em 4,22%.
O resultado positivo, tanto do PIB quanto da inflação, confirma um cenário de aquecimento da economia, puxado por um aumento da renda média do trabalhador. Outro fator que contribuiu para o quadro foi a rápida recuperação do Rio Grande do Sul, estado duramente atingido por enchentes em abril e maio.
“Tanto o IBC-Br quanto as pesquisas setoriais do IBGE mostraram que o efeito do Rio Grande do Sul foi pouco expressivo sobre a atividade”, afirmou o economista-chefe do Banco ABC Brasil, Daniel Xavier, ao InfoMoney. “Tivemos um crescimento disseminado e os vetores que podiam trazer o PIB para baixo não se materializaram”, avaliou Xavier.
Renda em alta
“O PIB brasileiro é, em sua maioria, fruto do consumo das pessoas. […] por volta de 60% do PIB brasileiro depende da renda das pessoas assalariadas”, explicou o economista Fábio Sobral, da Universidade Federal do Ceará (UFC), à Sputnik Brasil. “Se a renda das pessoas está crescendo, isso provoca crescimento do PIB, significa que o consumo aumenta, impacta nas empresas que vendem mais”, observou.
Número de desempregados há mais de 2 anos cai 17,3% no 2º trimestre e é o menor desde 2015.
“No fundo, todo o crescimento da renda provoca alterações positivas nas diversas variáveis macroeconômicas”, apontou Sobral.
O economista destacou ainda o impulsionamento da indústria dado pelo governo Lula como parte da equação do crescimento do país, espelhado na atração de investimentos do setor privado.
“A gente tem visto isso com empresas automobilísticas chinesas e carros elétricos se instalando no Brasil”, pontuou o economista. “Então, esse é um fator fundamental. O mercado consumidor maior leva investimentos diretos, investimentos diretos externos, que é um ganho, é o melhor tipo de investimento”.