
Durante visita oficial a Moscou, o presidente Luiz Inácio Lula da Silva respondeu com firmeza às declarações de Pete Hegseth, ex-secretário de Defesa do governo Donald Trump, que em duas ocasiões classificou a América Latina como “quintal” dos Estados Unidos.
Em coletiva de imprensa neste sábado (10), Lula rejeitou categoricamente essa visão:
“Temos um país muito grande, com 213 milhões de habitantes, com um povo muito generoso, mas que ama muito o seu país. Portanto, o Brasil não será quintal de ninguém, de nenhum país, em nenhum continente”, afirmou o presidente, ao ser questionado sobre o tema.
Lula também exigiu que o Brasil “seja tratado com respeito” nas relações diplomáticas com os Estados Unidos, ressaltando que os laços entre os dois países já duram cerca de dois séculos.
❗️🇧🇷🇺🇸 ‘’O Brasil não será quintal de ninguém’’: Em Moscou, Lula reage às declarações do governo Trump
Em duas ocasiões, o secretário de Defesa Pete Hegseth se referiu à América Latina como ''quintal'', criticando a influência da China e prometendo ''tomar'' de volta a região. pic.twitter.com/STK38N3DiT
— RT Brasil (@rtnoticias_br) May 10, 2025
O caso Hegseth
As falas de Lula foram uma resposta direta às críticas de Pete Hegseth, que em abril culpou o governo Barack Obama por permitir o avanço da China sobre a América Latina. Na ocasião, o ex-secretário afirmou:
“O governo Obama tirou o olho do lance e deixou que a China invadisse toda a América do Sul e Central com sua influência econômica e cultural”, disse, referindo-se aos acordos promovidos por Pequim como sinônimo de “infraestrutura ruim”, “vigilância” e “endividamento”. Hegseth concluiu:
“O presidente Trump disse: ‘basta, vamos tomar nosso quintal de volta’”.
Poucos dias depois, ele reiterou o uso da expressão em nova entrevista:
“A influência chinesa não pode controlar o nosso próprio quintal, especialmente um fluxo aquático tão crucial como o Canal do Panamá”, afirmou, ressaltando que 75% dos navios norte-americanos trafegam por aquela via.
Crescente influência da China
O pano de fundo das críticas de Hegseth é o fortalecimento da presença chinesa na América Latina. Vários países da região têm buscado parcerias estratégicas com Pequim, atraídos pelos investimentos e projetos de infraestrutura oferecidos pela segunda maior economia do mundo.
Brasil e China, por exemplo, vêm aprofundando sua cooperação bilateral. Em novembro do ano passado, Lula e Xi Jinping firmaram 37 acordos em áreas como infraestrutura, energia e agronegócio. No mesmo período, Xi também participou da inauguração do porto de Chancay, no Peru, que visa transformar o país em um polo logístico crucial no Pacífico Sul e uma etapa relevante na Nova Rota da Seda.
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