O presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) participou, nesta terça-feira (5), da reunião do Conselho de Desenvolvimento Econômico Social Sustentável, mais conhecido como Conselhão, em que defendeu a soberania do país e a dinamização das parcerias comerciais.
Ao iniciar o seu discurso, Lula adiantou que não comentaria a prisão domiciliar do ex-presidente Jair Bolsonaro (PL), decretada pelo Supremo Tribunal Federal (STF) na última segunda-feira (4).
O presidente também adiantou que evitaria falar sobre Donald Trump, que anunciou uma tarifa de 50% sobre os produtos importados do Brasil aos EUA, apesar de fazer um discurso sobre soberania.
“Não é possível o mundo dar certo se a gente perder o mínimo de senso de responsabilidade do respeito à soberania, à integridade territorial, à Suprema Corte dos países, ao Poder Judiciário como um todo, ao funcionamento do Congresso Nacional. Ou seja, se nós passarmos a dar palpite sobre as coisas que acontecem nos outros países, nós estamos ferindo uma palavra mágica chamada soberania”, afirmou.
Diante das recentes ações de Trump, que humilhou publicamente líderes como Ursula von der Leyen, presidente da Comissão Europeia, e o presidente ucraniano Volodymyr Zelensky, Lula afirmou que a única coisa que quer de Trump é respeito.
“Esse país merece respeito. E o presidente norte-americano não tinha o direito de anunciar as taxações como ele anunciou para o Brasil. Poderia ter pegado o telefone, poderia ter ligado para mim, poderia ter ligado para o Alckmin. Estaríamos aptos a conversar”, emendou.
Como alternativa à política tarifária dos EUA, Lula sugeriu que deve buscar novos mercados, tendo em vista que o Brasil não pode depender de um único parceiro comercial. Segundo Lula, além de vender e comprar, o país também tem de se desenvolver. “Estamos cansados de ser um país de terceiro mundo.”
“Estamos vivendo um momento muito complicado. O multilateralismo e o livre comércio passam por um dos períodos mais críticos em décadas. O dia 30 de julho de 2025 passará para a história das relações entre Brasil e EUA como um marco lastimável. Não há precedente nos mais de 200 anos de relações bilaterais de uma ação arbitrária como esta que sofremos. Nossa democracia está sendo questionada. Nossa soberania está sendo atacada. Nossa economia está sendo agredida. Este é um desafio que nós não pedimos e que nós não desejamos”, emendou Lula.
“Em nenhum tarifaço aplicado a outros países houve tentativa de ingerência sobre os poderes do país. Essa interferência em temas internos contou com o auxílio de verdadeiros traidores da pátria, que arquitetaram e defenderam publicamente ações contra o Brasil nos EUA”, continuou o chefe de Estado.
Lula sugeriu ainda que o Pix, alvo de críticas veladas do governo norte-americano, seja levado para Donald Trump, a fim de que o presidente dos EUA “pague uma conta” e veja como é um sistema moderno.
Comunicação
O presidente também ressaltou que seu governo tem dificuldade de comunicar tudo o que está sendo feito na gestão, tendo em vista as diversas iniciativas para melhorar a vida dos brasileiros, uma delas a saída do Brasil novamente do Mapa da Fome da ONU.
“Mas vamos ser francos: um país do tamanho do brasil pode dar ao seu povo uma qualidade de vida muito maior do que o nosso povo tem”, opinou.
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