O Brasil demorou demais para reconhecer a vitória de Maduro nas eleições venezuelanas

Ex-deputado critica demora do governo Lula em se manifestar sobre vitória de Maduro: “já deveria ter reconhecido”

Historiador Miguel Stédile também apontou que papel do Brasil será fundamental para integração regional

Brasil de Fato | São Paulo (SP)

Em programa realizado na manhã desta segunda-feira, o ex-deputado José Genoíno (PT) criticou a demora do governo brasileiro em se manifestar sobre a vitória de Nicolás Maduro nas eleições presidenciais da Venezuela.

“Eu acho que o governo brasileiro já devia ter reconhecido o resultado da eleição do Maduro”, disse em entrevista ao Brasil de Fato.

“A Venezuela está construindo o seu caminho de maneira autônoma, soberana, inclusive é um dos países da América que tem mais eleições, que tem mais consulta, que tem mais organização popular”, destacou.

Para Genoíno, a derrota da direita na Venezuela enfraquece o movimento internacional de avanço da extrema-direita, e cobrou respeito à tradição brasileira de não intervenção nos assuntos internos dos países.

“O Brasil tem uma tradição e uma história que não pode ficar se metendo nos assuntos internos desse ou daquele país. Eu acho que ele tem que pensar grande porque o que está em jogo é se nós vamos integrar regionalmente a América do Sul”.

O ex-deputado lembrou a troca de declarações entre os presidentes Lula e Maduro, durante o processo eleitoral na Venezuela e pediu foco no objetivo central que fortalecer os veículos regionais e avançar na integração.

“O que está em jogo no projeto na eleição na Venezuela é algo estratégico. Esses problemas de forma, esses problemas de detalhe, não podem cobrir o que está em jogo, que são interesses geopolíticos poderosos para conter um projeto de transformação”, disse Genoíno.

Quem também se somou ao apelo para que o governo brasileiro reconheça o resultado das eleições na Venezuela foi o professor e historiador Valério Arcary.

“Têm responsabilidades o governo Lula. Eu vejo pelas notícias que o [assessor especial da Presidência] Celso Amorim, está exigindo a publicação das atas para dizer que reconhece a vitória do maduro. Nós temos que pedir total transparência mas, ao mesmo tempo, reconhecer que o que está acontecendo é uma campanha política denunciando que há fraude. Esta campanha aconteceria em qualquer circunstância”, destacou.

“Se tivesse ocorrido a fraude, por que não chamaram a mobilização ontem à noite?”, questionou o historiador.

O também historiador e professor Miguel Stédile afirmou que o Brasil pode ajudar a acalmar os ânimos e, inclusive, a aliviar o cenário de sanções que tem prejudicado a população venezuelana.

Ele destacou o papel do Brasil na liderança do processo de integração regional, sem o qual os países da região terão dificuldades de encontrar espaço na ordem geopolítica mundial.

“A postura brasileira é fundamental para a gente reconstruir esses projetos de integração. Nessa nova ordem geopolítica que está se construindo, não tem espaço para o Brasil individualmente, não tem espaço para a Venezuela individualmente, não tem para o Uruguai, não tem para a Argentina. A única saída para a América do Sul ou para a América Latina é a participação em bloco”.

Nicolás Maduro, foi reeleito para um novo mandato de seis anos com 51,20% dos votos contra 44,2% do ex-embaixador Edmundo González Urrutia, segundo o Conselho Nacional Eleitoral da Venezuela, (CNE).

Edição: Nathallia Fonseca

Artigo Anterior

Brasil lança aviso de risco para cidadãos no país vizinho

Próximo Artigo

Prefeituras governadas pela direita solicitam criação de escolas de formação militar

Assine nossa newsletter

Assine nossa newsletter por e-mail para receber as últimas publicações diretamente na sua caixa de entrada.
Não enviaremos spam!