O Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) divulgou em 11 de junho de 2025 dados que mostram aumento nos abates de bovinos, suínos e frangos, além de elevação na produção de couro, leite e ovos de galinha no primeiro trimestre de 2025.
Foram abatidas 9,87 milhões de cabeças de bovinos entre janeiro e março, alta de 4,6% em relação ao mesmo período de 2024 e de 1,9% frente ao quarto trimestre daquele ano. Vinte e duas unidades da Federação registraram crescimento.
“O incremento no abate bovino se deu em função do elevado abate de fêmeas, que registrou registro e representou quase metade do total de animais abatidos”, explicou Angela Lordão, gerente de pesquisa do IBGE.
Segundo ela, a tendência começou em 2022, quando a queda do preço do bezerro reduziu incentivos à criação. “É um movimento que está associado à maior demanda por uma carne premium, de maior qualidade e por uma preferência internacional por animais mais jovens”, completou a pesquisadora.
No segmento de suínos, o abate atingiu 14,33 milhões de cabeças, acréscimo de 1,6% sobre o mesmo trimestre de 2024 e retração de 0,8% ante o quarto trimestre de 2024.
“A China impediu muito as compras da nossa carne suína, mas conseguimos outros destinos, como as Filipinas, que alcançaram a primeira posição nas compras”, disse Angela Lordão. A pesquisadora destacou o esforço do setor para ajustar a oferta ao mercado externo.
Para frangos, o IBGE apontou abate de 1,64 bilhão de aves, crescimento de 2,3% sobre o primeiro trimestre de 2024 e de 1% em comparação ao trimestre anterior. Veinte das 26 unidades federativas registraram expansão. O país manteve status de livre de gripe aviária, o que, segundo o instituto, favoreceu demanda externa.
A aquisição de leite cru somou 6,49 bilhões de litros entre janeiro e março, avanço de 3,4% em relação a 2024. O Sul concentrou 39,6% do leite registrado e o Sudeste, 36,3%. O Paraná apresentou alta de 10,1%, enquanto a região Nordeste atingiu volume recorde no período.
“O Nordeste também vem se destacando pelo aumento de produtividade e atingiu um recorde na produção no primeiro trimestre”, afirmou Lordão. O preço médio pago ao produtor foi de R$ 2,76 por litro, elevação de 22,1% na comparação anual e estabilidade diante do quarto trimestre de 2024.
A indústria coureira recebeu 10,75 milhões de peças para curtume, aumento de 15,7% em relação ao primeiro trimestre de 2024. O IBGE informou que a maior parte da matéria-prima provém de matadouros frigoríficos.
A produção de ovos de galinha alcançou 1,20 bilhão de dúzias, crescimento de 8,3% sobre o mesmo intervalo de 2024, e retração de 1% ante o quarto trimestre de 2024. Vinte e cinco estados registraram aumento.
Angela Lordão atribuiu a variação de preço a fatores como calor intenso, altas nos custos de alimentação e elevação da demanda em períodos como a Quaresma e no mercado externo.
“Tivemos um período de muito calor e alta nos custos de alimentação. Além disso, a demanda foi particularmente aquecida, tanto pela Quaresma quanto por um aumento nas exportações, impulsionado por uma inflação do preço do ovo nos Estados Unidos”, declarou a pesquisadora. O Índice Nacional de Preços ao Consumidor Amplo (IPCA) apontou alta de 31,7% no preço dos ovos entre janeiro e março.
O balanço do IBGE apresenta cenário de crescimento conjunto na pecuária e de retração em alguns crimes — ainda que não haja relação direta, serve como referência de desempenho setorial. Os dados serão utilizados por produtores, indústria e formuladores de políticas para calibrar investimentos e definir estratégias de mercado.
Nos próximos meses, técnicos do IBGE devem publicar boletins regionais detalhando desempenho por município e por cadeia produtiva. Fontes do setor estimam que as exportações de carne bovina e de frango sigam em ritmo acelerado, enquanto a suinocultura buscará consolidar novas parcerias comerciais na Ásia e no Oriente Médio.
O governo federal e secretarias estaduais já assinalaram intenção de lançar programas de incentivo à cadeia de produção de leite e de ovos, com ênfase em apoio a pequenos produtores. A iniciativa integrará medidas para reduzir custos de produção e ampliar acesso a financiamentos.
Representantes de associações patronais e sindicatos rurais apontam que o desempenho do primeiro trimestre reflete redução dos custos de insumos no segundo semestre de 2024 e adaptação de cadeias produtivas às oscilações de mercado. Eles também destacam necessidade de investimentos em infraestrutura de transporte e armazenagem para sustentar avanço da produção.
O conjunto de indicadores consolida vez mais o papel do agronegócio na economia brasileira e reforça debates sobre sustentabilidade, uso de tecnologia e diversificação de mercados. As estatísticas do IBGE servirão de base para debates em feiras, congressos e encontros setoriais agendados ao longo de 2025.