Mais bolsonarista que Bolsonaro, Paulo Marçal conquistou o 1º lugar nas pesquisas eleitorais após um debate de sucesso na imprensa burguesa. Dado que não havia nenhum candidato combativo de esquerda, apenas Guilherme Boulos, quase um tucano, ele se destacou entre a direita. Agora querem acabar com ele por meio da perseguição criminal, e quem apareceu em destaque foi Tabata Amaral, a mais tucana dos candidatos. O problema é que há esquerdistas elogiando, é o caso de Alex Solnik do Brasil 247 que escreveu a coluna “A Xerife”
Ele começa: “em vídeo que começou a circular esta madrugada, Tabata Amaral associa Paulo Marçal ao PCC, conta que já descobriu como ele conseguiu milhares de contas novas depois de a Justiça Eleitoral bloquear suas redes, diz que vai revelar o pulo do gato no debate, domingo que vem, na TV Gazeta e ainda o desafia”. O colunista acredita que acusar pessoas de ligação com o crime organizado vai tirar a sua popularidade. Ele esquece que Bolsonaro venceu as eleições de 2018 até com vídeos antigos se declarando como corrupto. A acusação de corrupção é extremamente secundária no que tange a popularidade. Ela serve para perseguição judicial apenas.
O texto segue: “Marçal vinha pautando a campanha até agora. distribuindo calúnias a torto e a direito, ameaçando ‘tocar horror nos comunistas’, rótulo que aplica a todos os concorrentes, baixando o nível a patamares nunca vistos, promovendo concursos ilícitos e graças a tudo isso, que deveria ser motivo de repúdio do eleitor, ele sobe nas pesquisas como um foguete, desafiando o bom senso e a lógica e, claro, a Justiça e os marqueteiros de seus opositores”.
Antes de comentar sobre “o que deveria ser motivo de repúdio” e preciso destacar mais uma vez que todas as eleições são baseadas em acusações mentirosas. Isto é, fazer calúnias está longe de ser uma prática apenas de Marçal, é uma prática generalizada nos candidatos da burguesia e até em setores da esquerda. Os maiores caluniadores são os portais da imprensa burguesa.
Mas o grande problema é que Solnik não entende a realidade. O repúdio da população é justamente aos demais 4 candidatos. Eles são 4 versões diferentes dos representantes do mesmo regime político. Esse regime é odiado pelos trabalhadores. Marçal aparece como opção que combate esse “sistema”. Houvesse um candidato de esquerda combativo, também ele estaria crescendo nas pesquisas. Os candidatos tradicionais da burguesia estão impopulares no mundo inteiro, a extrema direita cresce no mundo inteiro.
Solnik então afirma: “Datena lidera um programa policial há trinta anos, na sua tela desfilaram os bandidos mais perigosos do país, esperava-se que ele soubesse enfrentar alguém com uma ficha corrida como a de Marçal; Boulos é o deputado combativo que ficou conhecido por sempre defender os humilhados e os ofendidos; Nunes é o prefeito atual, deveria proteger os cidadãos dos malfeitores; mas quem chamou a responsabilidade, como se diz no futebol, foi uma deputada de aparência frágil, marinheira de primeira viagem numa eleição majoritária, apoiada por um político conhecido como ‘picolé de xuxu’”.
Aqui o texto já fica absurdo. O autor defende a união de todos os candidatos contra Marçal. Ele não elogia apenas Tabata, mas também Datena e Nunes, um fascista histórico e um bolsonarista. Quer dizer, finalmente apareceu a famosa frente com Mussolini para deter Hitler! Aqui fica comprovado a tese da “luta em defesa da democracia” é uma armadilha gigantesca. Basta aparecer um espantalho que te chamam a apoiar os maiores inimigos dos trabalhadores. Tabata Amaral é talvez a pior de todos os candidatos, a mais ligada ao imperialismo, formada pelo próprio Jorge Paulo Lehman.
Então ele começa a defender a censura. Afirma que em sua propaganda eleitoral estava: “pedindo dinheiro aos otários, mentindo que estava sendo censurado quando, na realidade, foi punido e punido muito brandamente por promover concursos ilegais na campanha, prometendo vingança, incitando seus seguidores contra as instituições e já falando em ser presidente da República, ‘vamos mudar o Brasil’, ameaçou”. Primeiro é preciso sempre criticar a postura da esquerda de chamar a população de otários. Se Marçal tem cerca de 20% nas pesquisas de São Paulo, isso são mais de um milhão de pessoas, ou seja, são trabalhadores. É outra forma de falar “gado bolsonarista” que é um grande erro, pois o dever da esquerda é atrair aqueles que chama de “gado” para sua política.
Sobre a censura, a esquerda pequeno burguesa se adequou totalmente a política do imperialismo. Ele acredita que durante a campanha eleitoral um candidato pode ter suas redes sociais bloqueadas e isso não é censura. É totalmente absurdo. Mesmo que as regras do TSE fizessem sentido o que poderia acontecer seria uma multa, talvez deletar a publicação que violou as regras. Derrubar as redes sociais é um ataque político para impedir o candidato de crescer. Principalmente vindo do candidato do partido menor da direita, ou seja, um candidato que precisa das redes sociais ainda mais para fazer sua campanha.
Ele conclui: “Tabata está sendo mais efetiva no combate ao novo Bolsonaro do que seus colegas candidatos e a Justiça Eleitoral, que nem deveria ter aceito o registro de um ilustre desconhecido com inúmeros processos, alguns extintos, outros não, e que tem US$200 milhões no cofrinho aos 37 anos, sem ser herdeiro nem ganhar na loteria. Ela assumiu o papel de xerife que nos filmes de bang-bang defende a cidade dos malfeitores”. Novamente é preciso criticar primeiro sua postura de defender a ditadura do TSE que teria o direito de retirar candidatos das eleições. Se o TSE não aceitaria Marçal, “um empresário desconhecido”, quem dirá um operário. Solnik não percebe que com essa política excluirá os trabalhadores das eleições.
E por fim é preciso criticar a sua tese de que Tabata combate o bolsonarismo. O bolsonarismo surge justamente da falência do setor político que Tabata representa. Ele é uma reação ao PSDB, a esses candidatos de tipo Alckmin que ele cita no início do texto. O que mais fortalece a extrema direita no mundo hoje é o repúdio a essa direita tradicional. É assim na França contra Macron, nos EUA contra os Democratas, e no Brasil contra o PSDB. Neste caso, os 4 candidatos de São Paulo que participam do debate são o que dá força a Marçal. São tão medíocres e direitistas que o artista de circo aparece como melhor opção para uma grande parcela da população.