O ex-presidente americano Donald Trump decidiu interferir diretamente nos assuntos internos do Brasil, atacando o sistema judiciário brasileiro e defendendo publicamente Jair Bolsonaro. A declaração, publicada em suas redes sociais, viola os princípios básicos de soberania nacional e ataca diretamente as instituições democráticas brasileiras.
Neste momento em que Bolsonaro enfrenta um julgamento que pode levá-lo à prisão, é oportuno relembrar todas as denúncias que existem contra o ex-presidente e analisar como a interferência externa de Trump busca deslegitimar o processo judicial brasileiro. A mensagem do republicano americano revela uma estratégia coordenada de minar a democracia, tanto em seu próprio país quanto no exterior.
O contexto da interferência trumpista
A declaração de Trump surge em um momento delicado para a democracia americana e internacional. Enquanto promove uma agenda autoritária em seu próprio país, pressionando as instituições democráticas americanas e atacando juízes, Trump agora expande sua ofensiva para além das fronteiras nacionais.
Trump tem demonstrado um padrão de comportamento autoritário. Perdoou os terroristas que invadiram o Capitólio em 6 de janeiro de 2021, incluindo aqueles acusados de agredir policiais, e nomeou um desses indivíduos para posições em seu governo. Sua política de imigração tem espalhado terror por todo o país e causado graves danos à economia americana.
O impacto dessas políticas se reflete no turismo internacional. Dados recentes indicam uma queda significativa no número de visitantes aos Estados Unidos, uma vez que muitos consideram o país perigoso devido à violência das autoridades americanas que estão deportando pessoas e monitorando redes sociais. A embaixada americana no Brasil divulgou que estudantes brasileiros que desejarem estudar nos Estados Unidos terão suas redes sociais devassadas para verificar se não há críticas ao governo Trump.
Trump tem atacado universidades americanas, cortando verbas de pesquisa e desmontando o sistema de vacinação dos Estados Unidos, colocando negacionistas para gerenciar programas de saúde pública. Esse padrão de ataque às instituições se estende agora ao Brasil, onde Trump demonstra completo desconhecimento do processo judicial brasileiro.
A mensagem de Trump: tradução e análise
Em sua declaração sobre o Brasil, Trump escreveu uma mensagem surreal, demonstrando que não compreende nada sobre o processo judicial brasileiro. Segue a tradução integral da mensagem publicada pelo ex-presidente americano:
“O Brasil está fazendo uma coisa terrível no tratamento do ex-presidente Jair Bolsonaro. Eu tenho observado, assim como o mundo, como eles não fazem nada além de persegui-lo, dia após dia, noite após noite, mês após mês, ano após ano! Ele não é culpado de nada, exceto ter lutado PELO POVO. Eu conheci Jair Bolsonaro, e ele foi um líder forte, que realmente amava seu país — Também, um negociador muito duro no COMÉRCIO. Sua eleição foi muito apertada e agora, ele está liderando nas pesquisas. Isso não é nada mais, nem menos, do que um ataque a um oponente político — Algo que eu sei muito sobre! Aconteceu comigo, 10 vezes mais, e agora nosso país é o ‘MAIS QUENTE’ do mundo! O grande povo do Brasil não vai aceitar o que estão fazendo com seu ex-presidente. Estarei observando a CAÇA ÀS BRUXAS de Jair Bolsonaro, sua família e milhares de seus apoiadores, muito de perto. O único julgamento que deveria estar acontecendo é um julgamento pelos eleitores do Brasil — Isso se chama eleição. DEIXEM BOLSONARO EM PAZ!”
A ignorância sobre o sistema judicial brasileiro
A declaração de Trump revela ignorância profunda sobre o funcionamento das instituições brasileiras. Ao caracterizar as investigações contra Bolsonaro como “caça às bruxas”, o ex-presidente americano desconhece completamente os processos legais em curso no Brasil, que seguem rigorosamente os trâmites constitucionais e legais estabelecidos.
As investigações contra Bolsonaro não são perseguição política, mas sim o resultado de um sistema judiciário independente que investiga possíveis crimes cometidos durante seu mandato. Trump, que enfrentou múltiplos processos judiciais em seu próprio país, projeta sua experiência pessoal na realidade brasileira, ignorando as especificidades do caso brasileiro.
Ao afirmar que Bolsonaro “está liderando nas pesquisas”, Trump demonstra desconhecimento da realidade política brasileira atual. Mais grave é sua tentativa de interferir no processo democrático brasileiro, sugerindo que apenas “um julgamento pelos eleitores” seria legítimo, ignorando que o Estado de Direito pressupõe que todos, independentemente de cargo ou popularidade, estão sujeitos à lei.
Ameaças à soberania nacional
A interferência de Trump ameaça diretamente a soberania brasileira. Ao tentar influenciar processos judiciais internos do Brasil, o ex-presidente americano viola princípios fundamentais do direito internacional e das relações diplomáticas entre nações soberanas.
Essa interferência se torna mais grave quando consideramos o padrão de comportamento de Trump em relação a outros países. Recentemente, ele enviou mensagens ameaçadoras a antigos parceiros comerciais, como a Coreia do Sul, impondo tarifas de 25% e ameaçando aumentá-las caso haja retaliação. Essas são ameaças diretas que demonstram o desprezo de Trump pelas normas internacionais.
Oportunidade para o fortalecimento institucional
O ataque de Trump às instituições brasileiras pode servir como catalisador para o fortalecimento da democracia brasileira. A interferência externa oferece uma oportunidade para que o judiciário brasileiro, incluindo setores conservadores com mínimo de dignidade, compreendam a importância de manter a independência institucional.
Este episódio pode servir como pretexto para que o Brasil se afirme como uma nação orgulhosa de suas instituições, mantendo uma política externa independente e gerenciando seus problemas domésticos com soberania. A resposta brasileira a essa interferência será um teste importante para a maturidade democrática do país.
As implicações geopolíticas
A declaração de Trump sobre o Brasil deve ser analisada dentro do contexto geopolítico mais amplo. Em um momento em que os Estados Unidos enfrentam uma crise de credibilidade internacional devido às políticas autoritárias de Trump, a tentativa de interferir nos assuntos brasileiros representa uma extensão de sua estratégia de minar a democracia dentro e fora de seu país.
Trump busca criar uma rede internacional de apoio a líderes autoritários, utilizando Bolsonaro como símbolo dessa agenda. Ao defender publicamente o ex-presidente brasileiro, Trump tenta legitimar tanto suas próprias ações quanto as de seus aliados internacionais, criando uma narrativa de perseguição política que transcende fronteiras nacionais.
A resposta necessária
Diante dessa interferência inaceitável, o Brasil deve responder de forma firme. As instituições brasileiras, incluindo o Poder Judiciário, o Congresso Nacional e o Poder Executivo, devem reafirmar sua independência e soberania, rejeitando qualquer tentativa de interferência externa em assuntos internos.
A sociedade brasileira também tem um papel fundamental. É necessário que cidadãos, organizações da sociedade civil e lideranças políticas de todos os espectros ideológicos se unam em defesa da soberania nacional e das instituições democráticas, independentemente de suas posições políticas específicas.
Conclusão
O ataque de Trump às instituições brasileiras é uma tentativa deliberada de minar a nossa democracia e interferir na soberania nacional. A resposta do Brasil a essa provocação será determinante para o futuro das relações bilaterais e para a credibilidade das instituições democráticas brasileiras no cenário internacional.
A democracia requer vigilância constante e a defesa das instituições democráticas é uma responsabilidade compartilhada por todos os cidadãos. O Brasil tem a oportunidade de demonstrar sua maturidade democrática, rejeitando a interferência externa e reafirmando seu compromisso com o Estado de Direito e a soberania nacional.
A mensagem deve ser clara: o Brasil é uma nação soberana, com instituições democráticas sólidas e independentes, que não aceita interferência externa em seus assuntos internos. A democracia brasileira é forte o suficiente para resistir a ataques externos e continuar seu processo de consolidação e aperfeiçoamento.
Lula responde
“A defesa da democracia no Brasil é um tema que compete aos brasileiros. Somos um país soberano. Não aceitamos interferência ou tutela de quem quer que seja. Possuímos instituições sólidas e independentes. Ninguém está acima da lei. Sobretudo, os que atentam contra a liberdade e o estado de direito”, rebateu Lula em suas redes, numa alusão direta aos comentários de Donald Trump sobre os processos contra Bolsonaro.