Ato esvaziado do bolsonarismo na Paulista (SP). Foto: reprodução

O ato político liderado pelo ex-presidente Jair Bolsonaro (PL) no último domingo (29) na Avenida Paulista, em São Paulo, reuniu cerca de apenas 12 mil pessoas, segundo estimativa do Monitor do Debate Político do Cebrap em parceria com a ONG More in Common. O número ficou bem abaixo das manifestações anteriores do ex-presidente, ocupando apenas um quarteirão da via, entre a rua Peixoto Gomide e o Masp.

Diferente do protesto de abril, que reuniu sete governadores e tinha como principal bandeira a anistia aos envolvidos nos atos de 8 de janeiro, o foco desta edição foi o julgamento no Supremo Tribunal Federal (STF) sobre a tentativa de golpe, especialmente a delação do ex-ajudante de ordens Mauro Cid.

Tentativa de minimizar o esvaziamento

Aliados de Bolsonaro buscaram justificar a baixa adesão. Lideranças do PL argumentam que o governo Lula tenta destacar o número reduzido de participantes para desviar a atenção das pesquisas que mostram alta reprovação da gestão petista.

“Estamos aqui para marcar posição. É menos importante o número [de participantes] do que eu vou dizer aqui”, afirmou o pastor Silas Malafaia, principal organizador do evento, em entrevista ao Uol.

Jair Bolsonaro em discurso a apoiadores neste domingo (29), na Avenida Paulista. Foto: Rovena Rosa/Agência Brasil

Apesar do discurso, a redução foi notável. Em abril, sete governadores compareceram ao ato; neste domingo, apenas quatro estiveram presentes: Tarcísio de Freitas (Republicanos-SP), Cláudio Castro (PL-RJ), Jorginho Mello (PL-SC) e Romeu Zema (Novo-MG).

Bolsonaro usou o palanque para se defender das acusações que enfrenta no STF. “Posso ser vítima de uma covardia”, declarou, referindo-se à possibilidade de condenação. O ex-presidente também fez um apelo político: “Se a gente conseguir eleger 50% da Câmara e do Senado, nem preciso ser presidente”.

Os ataques mais incisivos partiram de Malafaia, que chamou o ministro Alexandre de Moraes de “ditador” e incentivou o público a gritar “assassino” contra o magistrado. O pastor também criticou Mauro Cid, que fez delação premiada. Já o senador Magno Malta (PL-ES) atacou a ministra Cármen Lúcia, chamando-a de “tirana” em referência ao seu voto sobre responsabilização de plataformas digitais.

Ministros do Supremo interpretaram a manifestação como um sinal de “desespero” e “cansaço” do campo bolsonarista. Um dos magistrados avaliou que os discursos tiveram “tom desesperado”, enquanto outro destacou o esgotamento da mobilização e a repetição de pautas, como a defesa da anistia aos condenados do 8 de janeiro.

 

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Last Update: 01/07/2025