Em meio à relação conturbada com o Palácio do Planalto, o presidente do Congresso Davi Alcolumbre (União-AP) aproveitou um evento nesta sexta-feira 5 com o ministro da Saúde, Alexandre Padilha, para sinalizar uma possível trégua com o presidente Lula (PT).
O afago a Lula ocorreu durante a inauguração do primeiro Centro de Radioterapia do Amapá, estado do parlamentar, que recebeu investimento de 17 milhões de reais do Ministério da Saúde. Ao discursar, Alcolumbre agradeceu a “sensibilidade” do presidente e pediu a Padilha que transmitisse o reconhecimento pelo apoio do governo.
“Leve meus agradecimentos, pessoais e institucionais, ao presidente da República, que tem nos apoiado e apoiado o Amapá a todo instante”, disse o amapaense. “A sua presença aqui é a presença do presidente da República ajudando o nosso Amapá. Agradeço ao presidente Lula pela sensibilidade, pelo compromisso e pelo espírito público, especialmente com o Norte e o Nordeste do Brasil”.
Integrantes do governo veem as falas como um sinal de trégua após o estremecimento das relações. A relação entre os dois ficou tensa após o petista escolher Jorge Messias para a cadeira vaga no Supremo Tribunal Federal, preterindo o senador Rodrigo Pacheco (PSD-MG), aliado próximo de Alcolumbre.
Na quinta-feira, Alcolumbre fez chegar a auxiliares presidenciais sua irritação com uma declaração de Lula sobre o “sequestro” do Congresso sobre fatia considerável do Orçamento.
“Não concordo com as emendas impositivas. Eu acho que o fato de o Congresso Nacional sequestrar 50% do Orçamento da União é um grave erro histórico. Mas você só vai acabar com isso quando mudar as pessoas que governam e que aprovam isso”, afirmou o petista durante uma reunião do Conselhão, em afirmação que desagradou até mesmo parlamentares do PT.
A articulação política do governo no Congresso trabalha para que aconteça uma reunião entre Lula e Alcolumbre nos próximos dias para distensionar a relação.