O MRT (Movimento Revolucionário dos Trabalhadores) lançou, nesta segunda-feira, 28, uma nota em que critica o PSTU-RJ por estarmos participando do 1º de Maio convocado pelo VAT (Vida Além do Trabalho) no Rio de Janeiro.
Queremos começar esse diálogo dizendo que, como os companheiros do MRT, nós também defendemos a construção de atos de 1º de Maio com independência de classe, e neste marco, juntos, participamos das plenárias que discutiram a composição e as reivindicações a serem levadas para o ato que acontecerá neste dia, na Cinelândia às 14h.
Estas plenárias convocadas pelo VAT foram, em parte, uma resposta à grande festa dos patrões que ocorrerá em Madureira, com Eduardo Paes. E, neste sentido, conta com a simpatia do setor mais aguerrido do ativismo, apesar de que, desde o início, as forças governistas estiveram empenhadas em tentar transformá-lo em um ato de apoio ao governo.
Nós, que juntos compomos o bloco classista na CSP-Conlutas, defendemos um 1º de maio sem patrões e independente do governo e propusemos que, entre as palavras-de-ordem que deveriam encabeçar as reivindicações deveria estar “abaixo o arcabouço fiscal do governo Lula”.
Com argumentos despolitizados do tipo “os trabalhadores não sabem o que é arcabouço fiscal” esta proposta não passou, mas se aprovou que o ato seria independente dos patrões e do governo, e que não haveria representantes do governo.
No entanto, já a própria construção das plenárias indicavam que, se bem não estariam representantes diretos do governo no ato, estarão sim partidos que o apoia, como o PSOL, o PCdoB, e centrais sindicais como a CUT e a CTB.
Na primeira reunião comum do bloco classista, realizada presencialmente, em que este tema foi debatido (e estavam, além do PSTU, o MRT, o PCBR a CST, a OCI e a Emancipação Socialista), apesar desta caracterização comum, também foi consenso que este ato, ao nos garantir condições de falarmos e apresentarmos nossas opiniões, nossas palavras-de-ordens poderiam ter (se a convocatória realmente atrair um número mais significativo de pessoas) um espaço melhor para a nossa atuação.
Não se tratava, e nem se trata, portanto, de ter acordo com o conteúdo da convocatória, limitada, mas de buscar um espaço melhor para, justamente, divulgar nossas opiniões e disputar os participantes do 1º de maio.
Já na segunda reunião, realizada virtualmente, foi acordado que o bloco da CSP-Conlutas, e os participantes em geral da mesma, atuariam no ato com uma coluna comum, com agitação e materiais que permitissem justamente levar esta disputa de que estamos falando. Além, claro, dos materiais específicos de cada corrente. Nesta reunião, o MRT discordou da participação no ato, argumentando que já havia uma convocatória com os eixos do Fim da escala 6×1 e o chamado do plebiscito organizado pelas frentes que estavam convocando o ato, e nesse caso não haveria como participar.
No entanto, fruto das discussões, esse card não foi o que passou a ser usado oficialmente para o chamado da atividade, mas sim, outro com o conteúdo original, de luta contra a escala 6×1.
Agora o grande problema é a Força Sindical?
Nós não temos nenhuma simpatia pela Força Sindical. Pelo contrário, somos bastante críticos a eles. Mas nos parece muito limitado aceitar fazer um ato com a CTB e a CUT, com os deputados governistas etc., e resolver rompê-lo porque aí estará a Força Sindical.
Nós vemos, de conjunto, que, de formas distintas, estas organizações e representantes políticos, não tem a intenção de levar adiante um 1º de maio combativo, nem classista, nem mesmo independente do governo.
Foram obrigados, porém, a chamá-lo por dois motivos. Primeiro, porque fazer um 1º de maio com Eduardo Paes já seria muita desmoralização, depois de seus ataques à educação, seus acenos à ultradireita (Bukele), a criação de uma guarda municipal armada etc. Segundo, a força da luta contra a escala 6×1, que para ser levada adiante, exige um mínimo de independência política.
Diante disso nos restariam duas alternativas: a que a maioria do bloco classista da CSP-Conlutas adotou, que é ir ao ato e lutar por suas posições, defendendo-as diante dos ativistas que estarão lá (e esperamos que sejam muitos), especialmente da juventude afetada pela escala 6×1. Ou construir um ato alternativo.
Nós, nos últimos anos, temos feito isso, construir atos alternativos, e não descartamos que voltaremos a fazer, sempre que necessário. Mas todos sabemos que, pelas forças que contamos, na maioria das vezes têm sido atos com reduzida participação.
O MRT optou por não dar uma batalha no ato.
Diante da batalha a ser dada, qual seja, a luta por um 1º de maio classista, nos parece que tomamos a melhor decisão que é ir ao ato convocado em defesa da luta contra a jornada 6×1. No próprio ato, como fizemos nas plenárias preparatórias, defender a ampliação da pauta para que inclua temas como o fim do arcabouço fiscal de Lula, pela Palestina livre do rio ao mar, prisão para os golpistas, etc., por um lado. E por outro, enfrentar aqueles que querem transformar o ato em um ato governista, distinto da convocatória aprovada.
Além disso, seguir soldando a unidade do campo classista da CSP-Conlutas, nas lutas e nos enfrentamentos ao governismo e seus tentáculos no movimento de massas.
Infelizmente, o MRT optou por ficar fora dessa batalha, e virar seus canhões não contra quem quer transformar o ato em um ato governista, mas contra aqueles que querem justamente defender seu caráter de independência de classe.