do Instituto Cultiva

É Mentira! Nunes e Padula Distorcem Dados do IDEB para Justificar Intervenções em Escolas

Por Mariana Martins e Juliana Meato*

Em declarações públicas proferidas desde o final de 2024, o prefeito de São Paulo, Ricardo Nunes, criou um ambiente de pressão e medo nas escolas ao citar a possível privatização da gestão em unidades escolares que apresentaram “baixo desempenho” no Indice de Desenvolvimento da Educação Básica (IDEB). A Secretaria Municipal de Educação, após anunciar a medida em diário oficial, foi à Rádio CBN, no dia 26 de maio de 2025, quando o secretário, Fernando Padula, afirmou que as escolas incluídas no programa foram selecionadas por seu baixo desempenho no índice. Porém, uma análise dos dados dos resultados do último IDEB (2023) revela inconsistências e levanta questionamentos sobre os critérios utilizados:

Das 28 escolas listadas, 13 sequer participaram da última avaliação – o que coloca em dúvida sua inclusão no programa. Apenas nove figuram entre as 50 piores do município, enquanto a unidade com o pior IDEB da cidade ficou de fora da lista. Nenhuma das selecionadas apresenta nota abaixo de quatro, sendo que três escolas registraram melhora no índice, com uma delas apresentando avanço de um ponto completo. Outras quatro mantiveram seus resultados estáveis, enquanto as quedas observadas foram modestas, com a maior delas sendo de apenas um ponto em apenas uma unidade escolar.

O uso isolado do IDEB como justificativa para afastamento de diretores mostra-se particularmente problemático. O índice, focado principalmente em resultados de provas padronizadas, deixa de considerar aspectos fundamentais como as condições de infraestrutura, taxas de evasão escolar e o contexto socioeconômico das comunidades atendidas – fatores determinantes para o desempenho educacional. Reduzir a avaliação de uma escola a um único indicador numérico pode levar a medidas punitivas descoladas da realidade complexa que essas unidades enfrentam diariamente.

Se o objetivo declarado é realmente melhorar a qualidade do ensino, seria essencial que a administração municipal apresentasse critérios mais transparentes e abrangentes, acompanhados de um plano concreto de apoio às escolas. Medidas baseadas em indicadores limitados, sem diálogo com a comunidade escolar e sem propostas de solução para os problemas estruturais, dificilmente trarão os resultados esperados para a educação paulistana.

*Pesquisadoras do Instituto Cultiva

IDEB Anos finais

Fonte: Pesquisa “IDEB em Foco – Como as Desigualdades nas Condições das Escolas Afetam o Desempenho Educacional –  Instituto Cultiva

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Last Update: 30/05/2025