A Prefeitura de São Paulo, comandada pelo político Ricardo Nunes, abandonou pessoas em situação de rua em 2024, abandonando R$ 5,2 milhões do governo estadual. O valor seria o suficiente para pagar moradia social para 114 pessoas.
O Fundo Estadual de Assistência Social (FEAS) transferiu um total de R$ 52 milhões para a cidade após o Censo da População em Situação de Rua, feito em 2021, indicar que quase 32 mil pessoas não tinham onde morar na capital paulista, número que representa um aumento de 30% em relação a 2019.
Mesmo assim, Nunes preferiu não utilizar integralmente o valor. Edvaldo Gonçalves de Souza, membro do Conselho Estadual de Assistência Social (CONSEAS), órgão responsável pelo repasse, afirma que procurou a Prefeitura de São Paulo quatro vezes para falar sobre o tema, mas foi ignorado.
“Chamamos quatro vezes a Prefeitura para explicar por que não estavam usando o dinheiro, mas nos deixaram a ver navios. Eles iam devolver R$ 27 milhões, mas nós alertamos antes. Tentaram reprogramar R$ 11,5 milhões para 2024, mas não era possível reprogramar pela segunda vez”, relatou.
Ele ainda é representante das pessoas em situação de rua no Conseas e afirmou que as moradias oferecidas pela Prefeitura carecem de estrutura adequada e apresentam diversos problemas.
“Tem problemas de comida azeda, camas com muquirana, que é o carrapato de pombo, e quartos quebrados. Isso também foi cobrado. A Prefeitura dizia que não era possível modificar as acomodações, não apresentava nenhuma solução. Parecia que estávamos brincando de conselho”, prossegue.
A gestão Nunes também tem sido criticada pelo Tribunal de Contas do Município (TCM) pela baixa qualidade dos serviços prestados à população vulnerável enquanto gasta milhões em contratos em caráter emergencial para serviços socioassistenciais.
Em três anos e meio de gestão, 688 dos 1.338 serviços do setor contratados (52% do total) foram feitos de forma emergencial. Essas obras custaram R$ 57,8 milhões ao município.