Do ponto de vista econômico geral, pode-se considerar a Celesc, a principal empresa de Santa Catarina. A companhia, além de constar entre as 10 primeiras do Estado em receita líquida, também está entre os maiores empregadores de Santa Catarina. Ademais, seus serviços são imprescindíveis à produção de riqueza pela demais empresas, e fundamentais para o bem-estar da população.

Observando a Demonstração do Valor Adicionado (DVA) ao longo dos três anos, 2022 a 2024, notamos tendências claras na geração de riqueza da Celesc. A DVA, como ferramenta gerencial, vai além do lucro, mostrando o valor que a empresa agrega pela sua atividade. O valor adicionado (ou valor agregado) é um conceito econômico que representa o quanto uma empresa, setor ou economia consegue aumentar o valor de um bem ou serviço ao transformá-lo durante seu processo produtivo. Em termos simples, é a diferença entre o valor final do produto ou serviço oferecido e o custo dos insumos adquiridos de terceiros (bens e serviços utilizados na produção).

Analisando os dados de valor adicionado da empresa nos últimos três anos, verificamos que, em 2024, o Valor Adicionado Líquido da companhia aumentou expressivamente, 13,99% e, consequentemente, o Valor Adicionado Total a Distribuir também cresceu significativamente: 8,60%. Estes resultados da Celesc estão, em boa medida, diretamente ligados ao ambiente econômico e regulatório do setor de energia. O crescimento do Lucro Líquido da Empresa em 2024, deveu-se principalmente ao aumento de 5,4% no consumo de energia, que por sua vez, está relacionado a uma melhoria do quadro econômico geral. O PIB brasileiro cresceu 3,4% em 2024, e Santa Catarina, mostrou desempenho bastante acima da média nacional, com alta de 5,3%, o que impulsiona o consumo de energia nas empresas e nas residências. Uma companhia como a Celesc, bastante eficiente, e atuando no setor estratégico de produção e distribuição de energia, tem sempre a capacidade de alavancar fortemente as melhorias no ambiente macroeconômico.

A Distribuição do Valor Adicionado (DVA) permite verificar como a riqueza gerada é partilhada entre os diferentes atores. A origem do valor adicionado está predominantemente nas receitas operacionais, especialmente a venda de energia. A distribuição detalha para onde essa riqueza gerada é direcionada. Analisando o Relatório de Sustentabilidade da Empresa, de 2024, pode-se verificar o peso percentual da distribuição do valor adicionado para cada setor:

Impostos, Taxas e Contribuições: Este é, de longe, o maior beneficiário da riqueza gerada pela Celesc, representando mais de 70% da DVA total distribuída em todos os anos. Em 2024, essa parcela atingiu R$ 5,38 bilhões, com a maior parte direcionada para esferas Federal e Estadual. Esse peso da distribuição do valor adicionado, para o Estado como um todo, está relacionado ao próprio setor econômico (geração de energia), que é tipicamente público, devido à sua importância estratégica. Esses resultados de DVA mostram também porque a Celesc é tão cobiçada pelo setor privado. A empresa gera muito dinheiro que, ao invés de ser diretamente apropriado pelos capitalistas, passa pela intermediação do Estado, cuja função é garantir os interesses do empresariado como um todo, e não de apenas uma empresa ou setor. O bom funcionamento de uma empresa como a Celesc, é fundamental para a engrenagem econômica como um todo, assim para o conjunto da população. Mas os capitalistas, do ponto de vista da geração de lucros, pretenderiam se apropriar de todo o valor que a empresa gera.

Pessoal: Em 2024, R$ 847,5 milhões foram destinados a salários, benefícios e FGTS, 11,2% do total distribuído.

Remuneração de Capitais de Terceiros: Este item, que inclui juros sobre dívidas, aluguéis e outros, representou 9,7% do valor distribuído.

Remuneração de Capitais Próprios: Esta parcela, destinada aos acionistas na forma de juros sobre capital próprio e lucros retidos/prejuízo do exercício (a Celesc não distribuiu dividendos nos anos apresentados), cresceu 34,3% em 2024. Isso indica que, com o bom desempenho de 2024, uma maior parcela da riqueza gerada foi retida na empresa ou destinada à remuneração dos acionistas. A maior parte deste item em 2024 foi de Lucros Retidos (R$ 384,9 milhões), indicando reinvestimento ou reserva de resultados.

A análise comparativa da Celesc, com o setor como um todo, revela um desempenho notável em 2024. Ao atingir um Lucro Líquido de R$ 715,8 milhões, com um aumento de 28,5%, em relação a 2023, a Celesc se posicionou entre as empresas com maior crescimento de lucro no setor no ano. A Margem EBITDA melhorou significativamente, passando de 10,96% em 2023 para 14,70% em 2024. Este indicador mostra a eficiência operacional da empresa antes de despesas financeiras, impostos, depreciação e amortização. Uma margem crescente geralmente indica melhor controle de custos operacionais em relação à receita líquida.

A dívida líquida consolidada aumentou 43,6% em 2024, totalizando R$ 3,254 bilhões, principalmente devido à emissão de debêntures para financiar investimentos. Observação muito importante: a empresa está contraindo dívidas para realizar investimentos. Estes, em 2024, segundo as fontes oficiais, estão entre os maiores de toda a história da companhia, tendo alcançado R$ 1,265 bilhão no ano passado. Em maio de 2023, a Celesc havia anunciado um plano recorde de R$ 4,5 bilhões até 2026 para modernização e expansão do sistema elétrico, o que é considerado o maior pacote de investimentos da história da companhia. A destinação dos investimentos tem sido para: ampliação e modernização da rede elétrica; criação de novas subestações e usinas fotovoltaicas; expansão do corredor elétrico e da rede trifásica e reforço do atendimento operacional.

Não obstante, a companhia manteve sua alavancagem em 2,1 vezes o EBITDA ao final de 2024. Alavancagem é o uso de recursos de terceiros (empréstimos, financiamentos ou emissão de títulos) para ampliar investimentos e operações, sem depender somente dos próprios recursos da empresa ou do orçamento público. É uma ferramenta importante para viabilizar projetos de grande porte, especialmente em setores estratégicos como energia, saneamento e infraestrutura.
Além da DVA, outros indicadores financeiros reforçam a análise do desempenho da Celesc. A companhia aumentou em 28,5% o Lucro Líquido em 2024, atingindo R$ 715,8 milhões, o que indica fortemente sua capacidade em converter sua operação em resultado financeiro positivo. O Resultado Operacional antes do resultado financeiro e impostos cresceu 47,83% em 2024, passando de R$ 825,1 milhões para R$ 1.219,8 milhões. Esse resultado é importante, porque revela que a melhoria de desempenho vem da atividade principal da empresa. O resultado financeiro negativo, que duplicou em 2024 (-R$ 287,4 milhões), é um dreno na geração de valor. Conforme o balanço da empresa, isso se deve ao aumento dos juros sobre dívidas, custos de emissão de debêntures e atualização de passivos setoriais.

A análise da Distribuição do Valor Adicionado da Celesc demonstra a capacidade da companhia de gerar riquezas e a complexa dinâmica de sua distribuição. A forte recuperação em 2024, impulsionada pelo aumento do consumo e eficiência operacional, demonstra a resiliência da empresa e, principalmente, de seus empregados, que são o coração da companhia.
Os dados demonstram um significativo aumento na produtividade dos empregados da Celesc. Com um lucro líquido total de R$ 715,8 milhões, uma variação de 28,5% superior ao registrado em 2023 (R$ 557,23 milhões) este é o maior lucro líquido da história da Celesc. O lucro líquido por empregado foi de, aproximadamente, R$ 190.170,03 (base de cálculo: 3.764 empregados). O lucro líquido de uma empresa representa o valor que realmente sobra, após a dedução de todas as despesas, custos, impostos e juros da receita total obtida em um determinado período. O indicador revela quanto a empresa realmente ganhou, descontando todos os compromissos financeiros necessários para sua operação. Obviamente, o lucro líquido já considera o desconto de todos os gastos com pessoal e encargos (como salários, benefícios, encargos sociais, etc.).

Os resultados econômicos e financeiros da Celesc revelam a eficiência da empresa e reforçam a tese que vêm defendendo os seus trabalhadores: Celesc pública, bom para todo mundo!

*Economista 23.06.2025

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Last Update: 24/06/2025