O presidente nacional do PT, Edinho Silva, destacou a importância da criação de “um espaço plural de formação, de debate e de formulação política” sobre a conjuntura internacional com a criação do Núcleo de Relações Internacionais e Soberania “Marco Aurélio Garcia”. “Nesse momento da nossa história, o núcleo tem um significado especial, pois é um espaço importante de formulação para que a gente possa não somente fazer dele um espaço de compreensão da conjuntura internacional, mas dos desafios colocados para um partido que se dispõe a ser um partido internacional, que acredita no multilateralismo. Nós agora temos um núcleo focado em analisar, formular e oferecer subsídios ao PT e isso é extremamente importante”, afirmou Edinho no evento de lançamento do Núcleo, na quinta-feira, 11, em Brasília.
Edinho reforçou a homenagem a Marco Aurélio Garcia, que dá nome ao Núcleo, quem para ele é um diferencial na capacidade de compreensão da história do PT.
“É impossível, e não é força de expressão, é impossível nós entendermos o processo de construção do Partido dos Trabalhadores sem entendermos o papel do Marco Aurélio Garcia. Não só na sua capacidade e no desafio que ele se colocou para que o PT tivesse capacidade de compreensão internacional, tivesse capacidade de interpretação das relações políticas internacionais, tivesse capacidade de construção das parcerias internacionais que foram fundamentais para nós ao longo da nossa história, mas o Marco Aurélio, ele era efetivamente um dirigente construtor partidário”, ressaltou o presidente do PT.
Ações do Núcleo no partido e nas eleições 2026
O secretário de Relações Internacionais do PT, Humberto Costa, saudou, no evento, a presença de Leon Garcia, filho de Marco Aurélio, e lembrou do tempo em que o saudoso líder petista presidiu o partido durante um dos períodos turbulentos da história do PT.
“Eu tive a oportunidade de estar muito perto de Marco Aurélio num dos momentos mais difíceis que nós vivemos, quando ele assumiu a presidência do PT. Eu era membro integrante da Executiva Nacional e nós dividimos as dificuldades naquele momento, eu sempre muito próximo dele, mas dividimos também o que foi possível e foi importante superar naquele momento”, recordou o senador Humberto Costa.
Segundo o secretário de Relações Internacionais do PT, Marco Aurélio tinha “uma enorme capacidade de elaboração, no que diz respeito à política de um modo geral, mas muito particularmente em relação à política externa, às relações internacionais”. “Ele foi o grande condutor da Secretaria de Relações Internacionais, depois que ela foi criada, e foi alguém que gerou, produziu quadros políticos importantes para o nosso partido, nessa área inclusive”, acrescentou Humberto Costa.
Ele destacou, ainda, a importância do Núcleo de Relações Internacionais e Soberania neste momento em que o PT prepara a atualização do seu programa partidário e também para a disputa eleitoral de 2026 na elaboração do programa de governo.
“Esse núcleo ou coletivo, como queira se chamar, ele tem um papel importante de ajudar na elaboração do nosso programa de governo, na atualização do programa do Partido dos Trabalhadores em termos de política internacional, e ser um espaço de militância e contribuir com toda a experiência e a inteligência acumulada para que nós possamos dar passos importantes nesse roteiro. Aqui, na SRI, estamos fazendo uma reestruturação e procurando dirigir a nossa atenção de um uma forma ampla para o mundo como um todo”, afirmou o secretário.
“O ano de 2026, no que diz respeito à continuidade desse projeto exitoso, estratégico que nós estamos implementando no Brasil desde 2003, vai ter um espaço de disputa política internacional muito grande. A reeleição de Lula, a continuidade desse projeto não é importante só para o Brasil para para todo o mundo”, enfatizou o senador Humberto Costa.
MAG: lembranças, atuação e legado
O embaixador Celso Amorim, assessor para assuntos internacionais do governo Lula, também presente à cerimônia e exaltou a atuação e o legado de Marco Aurélio Garcia. Amorim contou diversos episódios de diplomacia e política em que os dois tiveram participação, além de relembrar o humor peculiar de Marco Aurélio Garcia, o MAG, que “para tudo sempre tinha uma piada”, frisou.
“O nível de conhecimento, a experiência política dele, e a sua grande generosidade intelectual, tem que ser lembrada sempre na criação desse núcleo. Me faz lembrar também de uma frase do Guimarães Rosa de que as pessoas não morrem, elas ficam encantadas. Marco Aurélio não só vai ficar encantado, mas encantará a todos nós”, definiu Amorim.
Clara Ant, assessora especial da Presidência da República, que também conviveu muito com Marco Aurélio Garcia, destacou vários aspectos de sua personalidade, inclusive que ele era um grande defensor dos direitos das mulheres. “Ele era um feminista de carteirinha, que, infelizmente, até hoje, são poucos até no partido. Marco Aurélio Garcia sempre defendeu a luta nossa das mulheres, acho que isso tem que ser registrado, tem que ter a memória disso também”.
Clara parabenizou o PT pela criação do Núcleo Internacional e deixou como referência a atuação de MAG na área das relações internacionais. “A marca principal que o Marco Aurélio deixou foi a capacidade de lidar com o leque de contatos, de relações muito além daquilo que o próprio PT poderia fazer sozinho. Acho que essa foi a marca maior.
Marco Aurélio Garcia conseguiu desenvolver e intensificar relações que já vinham sendo esboçadas até de antes da fundação do PT no movimento sindical, por exemplo, nas greves dos anos 70, ele tinha uma relação forte com as sociais democracias da Europa. Nós, sindicalistas, sabemos o que que foi essa relação. É importante que na nas relações internacionais do nosso partido, que a gente não se feche para dentro da gente ou para dentro do escopo exclusivo da esquerda”, reforçou ela.
Presente ao ato de lançamento do Núcleo que homenageia seu pai, Leon Garcia agradeceu ao PT pelo reconhecimento e também relatou alguns aspectos e pensamentos característicos de Marco Aurélio Garcia, além de ressaltar sua atuação na política internacional pelo partido.
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“Eu acho que o Marco Aurélio teve a sorte, a inteligência a habilidade de aproveitar o lugar único que o PT ocupava e ainda ocupa no cenário internacional, na relação que permitia ao PT uma interlocução com outros partidos, com movimentos sociais de outros países, com sindicalistas, intelectuais, lideranças políticas que depois se tornaram governo em algum momento. E a partir dessa interlocução variada e privilegiada, pelo lugar único que o PT ocupava, acho que pode se construir uma visão consistente de qual poderia ser o lugar do Brasil no mundo, na América Latina, e de como estabelecer relações que viriam se concretizar nos governos Lula e Dilma, na parceria com o ministro Celso Amorim e com o secretário geral Samuel Pinheiro Guimarães e, claro, com a visão, a inteligência do presidente Lula”, afirmou Leon.
Veja abaixo galeria de fotos do ato de lançamento
