Entrou em vigor neste 26 de maio a nova versão da Norma Regulamentadora nº 1 (NR-1), que exige a inclusão de riscos psicossociais — como assédio, estresse e sobrecarga — na política de saúde e segurança do trabalho.
A mudança vale para todas as empresas, que passam a ter a obrigação de mapear esses fatores e incluí-los formalmente no Programa de Gerenciamento de Riscos (PGR), ao lado dos riscos físicos, químicos e ergonômicos.
No entanto, o primeiro ano será de caráter educativo. Segundo o Governo Federal, a fiscalização terá foco em orientar, e não haverá autuação até maio de 2026.
Diagnóstico de riscos deve ser estruturado
Com a nova redação, os riscos psicossociais passam a ter o mesmo peso dos demais no Gerenciamento de Riscos Ocupacionais (GRO). Empresas precisarão adotar metodologias sérias para diagnosticar esses problemas, identificar com precisão os pontos de atenção e construir planos de ação com base em evidências.
Tatiana Pimenta, fundadora e CEO da Vittude, afirma que o momento é decisivo para mudar a forma como se encara a saúde mental nas organizações.
Segundo ela, “essa é a chance de as empresas entenderem o que são riscos psicossociais, estruturarem seus diagnósticos e se prepararem para atuar com prevenção e promoção”.
Problemas de saúde mental afastam milhares de trabalhadores
Dados do INSS indicam que o número de afastamentos por ansiedade e episódios depressivos aumentou 67% em 2024, na comparação com 2023. O total chegou a 472,3 mil casos. A ausência de ações estruturadas nas empresas é apontada como um dos fatores de agravamento.
Com a atualização da norma, situações como assédio moral, pressão excessiva, conflitos interpessoais e falta de apoio organizacional passam a ser reconhecidas como riscos diretos ao trabalhador.
Empresas devem usar o prazo para agir
Embora o primeiro ano não preveja aplicação de multas, Tatiana Pimenta sugere que o prazo seja aproveitado para estruturar processos, e não para adiar a implementação. O risco é de que, sem autuação, as empresas sigam ignorando o tema.
“Muita gente ainda não entendeu a gravidade do que está sendo ignorado. O diagnóstico leva tempo. Quem só começar em 2026 vai ter dificuldade de se adequar”, explica.
Para a especialista, o foco deve estar na criação de ambientes que realmente previnam doenças. “A lógica da NR-1 é de prevenção. E prevenir custa menos do que remediar. Uma organização com funcionários saudáveis entrega mais resultados.”
Manual técnico e comissão vão acompanhar implementação
Para apoiar empregadores e trabalhadores na adaptação, o Ministério do Trabalho e Emprego lançará um manual técnico com orientações detalhadas sobre como cumprir as novas exigências.
Além disso, a norma prevê a atuação de uma Comissão Nacional Tripartite Temática que acompanhará a implementação das diretrizes e debaterá os próximos passos da regulamentação.