
Nesta última semana, com o anúncio da eleição do cardeal norte-americano Robert Francis Prevost como novo papa, adotando o nome Leão XIV, os Estados Unidos celebram seu primeiro pontífice na história. A escolha, no entanto, gerou reações imediatas e intensas entre líderes da ala ultraconservadora americana.
A nomeação foi duramente criticada por apoiadores de Donald Trump e figuras influentes da extrema-direita dos EUA. Eles classificaram o chefe da Igreja Romana como “marxista”, “woke” e alinhado com a esquerda global, associando sua escolha a uma tentativa da Igreja Católica de frear o avanço do nacionalismo populista nos Estados Unidos e conter políticas de imigração mais rígidas.
Entre os críticos mais ferozes está Laura Loomer, ativista próxima a Trump, que ironizou a eleição do novo papa e o acusou de defender “fronteiras abertas”. Em suas postagens na rede social X, ela chamou o supremo líder católico de “fantoche marxista” e afirmou que os católicos conservadores não têm motivos para comemorar. Loomer também republicou mensagens antigas do então cardeal, criticando duramente sua atuação anterior.
Outro nome de destaque na onda de rejeição é Steve Bannon, ex-estrategista de Trump. Antes mesmo da eleição, o assessor político considerava Prevost um dos mais progressistas entre os possíveis sucessores de Francisco, o descrevendo como alinhado ideologicamente ao papa argentino e com forte experiência na América Latina. Para ele, a eleição do pontífice representa o “pior cenário”.

A reação foi alimentada por um artigo do site conservador The Federalist, fundado por Sean Davis. O texto acusou Leão XIV de promover agendas de esquerda e globalistas, abordando sua postura pró-imigração, seus posicionamentos sobre o clima, a pandemia de Covid-19 e as relações raciais. O site já alertava, antes do conclave, sobre o risco de um papa contrário ao populismo e defensor de causas progressistas.
Nas redes sociais, postagens atribuídas ao novo papa — confirmadas pelo Vaticano como autênticas — demonstram oposição explícita às políticas de Trump. Em uma delas, ele critica a interpretação religiosa de JD Vance, senador republicano, sobre a doutrina cristã, usada para justificar deportações em massa. Em outra, questiona os efeitos das ações de Trump e do presidente de El Salvador, Nayib Bukele, sobre migrantes.
Curiosamente, registros eleitorais mostram que Prevost participou das primárias republicanas de Illinois em 2012, 2014 e 2016. No entanto, fontes consultadas pela CNN afirmam que ele votou nas primárias democratas em 2008 e 2010, revelando uma trajetória política mais complexa do que sugerem os ataques da direita estadunidense.
Na manhã desta sexta-feira (10), os ataques continuaram. Laura Loomer voltou a criticar o novo papa em seu perfil no X, minimizando sua nacionalidade e reiterando a prioridade de seu grupo: “fechar a fronteira e deportar imigrantes ilegais”. Para ela, Leão XIV é apenas mais um opositor ao movimento que apoia Trump.
Veja a postagem mencionada acima na rede X do novo papa:
As Trump & Bukele use Oval to 🤣 Feds’ illicit deportation of a US resident (https://t.co/t80iDMbBKf), once an undoc-ed Salvadorean himself, now-DC Aux +Evelio asks, “Do you not see the suffering? Is your conscience not disturbed? How can you stay quiet?” https://t.co/jTradMfr0v
— Rocco Palmo (@roccopalmo) April 14, 2025
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