Em Nada Mais, seu mais recente livro de poemas, José Carlos Peliano presta uma homenagem criativa e pessoal ao legado de Pablo Neruda, especialmente à obra Vinte Poemas de Amor e Uma Canção Desesperada. Com o subtítulo 60 Poemas de Ardor e 3 Canções Desenlaçadas, o autor brasileiro propõe uma contribuição de expansão poética do clássico chileno, triplicando a proposta original tanto em número quanto em intensidade simbólica.

O livro será lançado na FLIP, Feira Literária Internacional de Paraty, no dia 2 de agosto às 17h, no Beco do Propósito. A edição conta com o apoio do Clube dos Escritores 50+ e patrocínio da Editora Ofício das Palavras.

Inspirado na lírica de Neruda, Peliano transita por diferentes manifestações do ardor: o amor exacerbado, o entusiasmo da paixão, o desejo como força criadora. No entanto, evita o sentimentalismo fácil, optando por uma linguagem que combina força emocional e precisão poética. Em versos como “as paixões e os versos de Neruda, vinham dos voos claros das manhãs, (onde ave por ave o dia desnuda, cores e sons de mil Aldebarãs)”, do poema Confesso que entendi, percebe-se a musicalidade e a inventividade do autor ao dialogar com seu mestre, sem jamais imitá-lo.

Já em Arquipélago, outro poema destacado pelo próprio autor, o movimento de busca amorosa assume contornos existenciais: “procuro em tua face um continente, como quem sente algo além do muro, hesita partir, mas quer ir em frente, à procura das terras que eu procuro”. Essa geografia afetiva, marcada pela hesitação e pelo desejo, é uma das forças do livro.

Peliano também compartilha, em seu Instagram (@josecarlospeliano), alguns poemas selecionados e o reconhecimento de leitores notáveis, que vão de poetas consagrados como Bernardo Élis, Thiago de Mello e Anderson Braga Horta a acadêmicos e profissionais de outras áreas, como Ronaldo Mourão, astrônomo, Paulo Saldiva, professor titular de patologia/USP, Maria Victoria Benevides, socióloga, professora emérita/USP e Claudecir Rocha, doutor em estudos literários/UFPR.

Thiago de Mello, inclusive, elogia o equilíbrio entre simplicidade e beleza poética: “escrever difícil é fácil; difícil mesmo é escrever simples… você foi capaz dessa humildade que exige trabalho”, enquanto Anderson Braga Horta confirma a “simplicidade de que veste o seu fazer poético” e ressalta a “qualidade de seu lirismo, o notável poder de sua fantasia e de sua imaginação”.

Com sete livros de poesia já publicados, além de obras em prosa, infantis e ensaios de economia, Peliano é um autor de trajetória múltipla. Em Nada Mais, sua escrita alcança um novo patamar de elaboração lírica, ao fundir reverência e ousadia, inspiração e construção.

Sem se pretender revolucionário, o livro oferece uma leitura sensível, densa e acessível. Uma trilha poética para os que ainda acreditam na força do verso romântico como modo de tocar o mundo. Um convite, portanto, não apenas ao amor, mas ao reencontro com a palavra ardente, dita com inteligência e emoção.

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Last Update: 16/07/2025