Os atos de racismo no futebol ganharam força nos últimos anos, juntamente com a ascensão do ideário da extrema direita mundial, situação que demanda amplas ações de combate tanto no âmbito da sociedade civil, quanto no do poder público e das entidades ligadas ao esporte. Uma das medidas mais recentes que podem ajudar neste sentido veio da Fifa (Federação Internacional de Futebol).
Há poucos dias, a entidade lançou o seu novo Código Disciplinar, que endurece as punições e aumenta as multas em casos de racismo ou discriminação no futebol. O documento foi aprovado por unanimidade por 211 Associações-Membro, durante o Conselho da entidade, em Bangkok, Tailândia, no último dia 17.
Entre as alterações, está o aumento do valor máximo da multa, que poderá chegar a 5 milhões de francos suíços – o equivalente a R$ 34 milhões.
As penas também ficaram mais rigorosas: federações e clubes poderão perder pontos e ser expulsos de competições em decorrência de situações de racismo.
Além dessas medidas, o código traz mudanças quanto à arbitragem. Antes, o juiz precisava sinalizar casos de racismo, adotando três regras: parar o jogo, suspendê-lo, e em último caso, encerrá-lo.
Agora, com as novas regras, qualquer jogador ou integrante das equipes pode informar ao árbitro, caso tenha sido vítima de racismo, para que o juiz aplique imediatamente o protocolo. Em caso de continuidade das ofensas, a partida pode ser paralisada ou, até mesmo, encerrada pelo árbitro.
Outra mudança importante é que, a partir de agora, a Fifa se reserva o direito de “interpor recurso ao Tribunal Arbitral do Esporte (CAS) contra decisões em casos de abuso racista, bem como de intervir nos casos em que uma Associação-Membro não investigar adequadamente os incidentes de racismo e processar o(s) infrator(es)”.
De acordo com o Observatório da Discriminação Racial no Futebol, em seu levantamento mais recente feito com base em notícias veiculadas na mídia, em 2023 houve 250 casos registrados de racismo nessa modalidade esportiva em todo o mundo, incluindo o Brasil. Em 2014, ano em que o relatório começou a ser publicado, foram registrados 36 casos.
No Brasil, entre 2014 e 2023, foram 364 incidentes, sendo o Rio Grande do Sul o estado que concentrou o maior número, 89, o que corresponde a 24,45%. Em seguida vem São Paulo, com 57 casos, ou 15,65% do total registrado nos estádios brasileiros.
Com informações da Agência Brasil
Foto: reprodução/Fifa
(PL)