
Ainda internado na UTI do Hospital DF Star, em Brasília, Jair Bolsonaro surtou ao receber de uma oficial de Justiça a intimação referente à abertura da ação penal que o acusa de tentativa de golpe.
No vídeo que ele mesmo divulgou, questiona a servidora: “A senhora tem noção de que está em uma sala de UTI de hospital?”
O mesmo Bolsonaro, no entanto, já usou esse mesmo espaço para promover transmissões ao vivo, reuniões com apoiadores e visitas sem qualquer função médica — prática que compromete a segurança e a integridade da unidade.
– A mando de Alexandre de Moraes (vídeo – 11 min), oficial de justiça adentra UTI para notificar Jair Bolsonaro.
– Peço divulgação / obrigado. pic.twitter.com/VtY0jptfKP
— Jair M. Bolsonaro (@jairbolsonaro) April 23, 2025
Há riscos concretos quando um hospital, especialmente uma unidade de terapia intensiva, é exposto a situações como a presença de aglomerações, gravações e circulação de pessoas alheias à equipe médica.
As UTIs exigem protocolos rigorosos de assepsia, e a presença de não-profissionais, sem vestimenta adequada ou sem respeitar normas sanitárias, aumenta a chance de infecções hospitalares.
Além disso, lives e vídeos colocam em risco a privacidade dos demais pacientes, podendo captar imagens ou sons sem autorização.
A movimentação de pessoas pode atrasar procedimentos, dificultar atendimentos emergenciais e causar estresse em pacientes em estado grave, afetando diretamente sua recuperação.
O DF Star precisa responder por autorizar essas abjeções.
Há previsão de sanções administrativas em caso de descumprimento das normas da Anvisa, e o Código de Ética Médica reforça a obrigação de manter o cuidado e o ambiente hospitalar livres de qualquer interferência indevida. Também vale lembrar que a Lei Geral de Proteção de Dados (LGPD) garante o sigilo das informações pessoais, inclusive imagens captadas em ambientes clínicos.
A nota do STF esclarece que o atraso na entrega do documento se deu justamente por respeito à internação, mas que a live feita na véspera deixou claro que o ex-presidente tinha condições de ser citado.
Se o hospital se submeteu a esse uso político, mesmo sob pressão, deve responder. A legislação é clara: a UTI não é extensão de gabinete, muito menos estúdio de campanha.
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