A tentativa de Donald Trump, presidente dos Estados Unidos, em interferir no processo judicial brasileiro foi um dos temas abordados pelo programa TV GGN 20 horas, conduzido pelo jornalista Luis Nassif, na última sexta-feira.
Em conversa com Nassif, Marcelo Semer, escritor e ex-presidente da Associação dos Juízes para a Democracia, destaca que o posicionamento de Trump – em impor uma tarifa de 50% aos produtos brasileiros alegando a forma como o Supremo Tribunal Federal (STF) tem tratado o ex-presidente Jair Bolsonaro – “é uma coisa dos absurdos, daqueles absurdos que a gente não consegue imaginar”.
“A gente trabalha com várias formas de imperialismo, e o imperialismo vai alterando as suas formas: uma forma explícita com os canhões, outra forma através da dominação cultural etc, agora dominação comercial, digital (…) A gente não imaginava que podia ter uma questão tão explícita como essa de dizer ‘não, não sei se estão fazendo errado soltam o Bolsonaro e deixa ele livre e coisa e tal’”, explica o jurista.
Na visão de Semer, o mais assustador em torno do caso é que Trump “tem uma sorte de apoiadores aqui no Brasil que batiam palma, que pediam isso e que batem palma depois, mesmo sabendo que a gente pode perder, sei lá, 100 mil empregos”.
“As pessoas não estão se importando com o país, mas estão se importando com o Bolsonaro, com a liberdade do Bolsonaro, enfim, com a sobrevivência do projeto político da extrema direita. Eu acho isso muito grave”, pontua Marcelo Semer.
Outro ponto destacado por Semer foi a declaração do governador de São Paulo, Tarcísio de Freitas (Republicanos), que chegou a sugerir que Jair Bolsonaro fosse liberado para ir aos Estados Unidos negociar com Trump.
“O que o Trump fez, ele praticamente ofereceu um asilo ao Bolsonaro. Ele falou ‘olha, você é um perseguido político, não sei o que, tem que parar com o processo’. Ele praticamente ofereceu um asilo. Agora vem outro e fala assim ‘vamos levar o Bolsonaro lá e ver o que acontece’. Ele só está tão preocupado em salvar o pescoço dele. É só isso (…).
A íntegra da entrevista de Marcelo Semer pode ser vista na última edição do TV GGN 20 horas.