O presidente Lula concedeu entrevista, nesta quarta-feira (5), às rádios Itatiaia, Mundo Melhor e BandNews FM BH, de Minas Gerais. O petista enfatizou que o governo federal leva a questão da inflação “muito a sério” e que trabalha “com muito afinco” para que a pressão sobre os preços dos alimentos não atinja o povo trabalhador. “Nós temos consciência que nós vamos baixar a inflação. Nós temos consciência que nós vamos baixar o custo de vida. E nós temos consciência que a cesta básica vai ficar mais acessível ao povo brasileiro”, assegurou.

Lula ponderou que a inflação está sob controle no país, mas que é necessário que os alimentos cheguem à mesa das famílias a preços compatíveis com o poder aquisitivo delas. O presidente disse que fará reuniões, ainda nesta semana, com representantes do ramo de proteína animal para equalizar os valores da carne em 2025. “A nossa preocupação é apenas evitar que os preços dos alimentos continuem prejudicando o povo brasileiro”, indicou.

“E é por isso que nós temos feito reuniões sistemáticas com os setores que estão, na nossa visão e na visão dos pesquisadores, mais altos. Por exemplo, a carne está muito alta. Nós temos outros produtos que estão altos e nós precisamos discutir com os setores porquê que esses preços cresceram tanto de 12 meses para cá. Porque a verdade é que, em 2023, a carne caiu 30% e depois ela voltou a subir”, prosseguiu o presidente.

Sobre o possível reajuste do diesel pela Petrobras, caso venha a ocorrer, Lula afirmou que o preço do combustível certamente permanecerá abaixo dos níveis praticados no governo anterior. “Nós queremos dizer ao povo de Minas Gerais que o reajuste que poderá ser feito na Petrobras, tanto no diesel como em outros produtos […], ainda estão menores do que estavam em dezembro de 2022, é muito importante lembrar”, comparou. “Inclusive com uma inflação de 7% ou 8% no período, ainda estão mais baixos, tanto o diesel quanto a gasolina.”

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Política de repatriação

Lula foi questionado sobre a política de deportação em massa do presidente dos Estados Unidos, Donald Trump. Recentemente, brasileiros em situação irregular foram tratados com indignidade e desprezo por autoridades estadunidenses no trajeto de volta ao Brasil. O presidente chamou de “repatriação” o trabalho que o governo fará para proteger seus nacionais.

“Nós tivemos contato com o caso mais grave, que foi o avião que teve problema na sua pressurização. Esse avião parou em Manaus e as pessoas estavam acorrentadas para descer do avião. E eles queriam levar as pessoas acorrentadas para Minas Gerais. A nossa Polícia Federal interveio, o nosso Ministério das Relações Exteriores interveio, a nossa ministra dos Direitos Humanos interveio, e nós, então, acertamos que eles não poderiam ser acorrentados”, descreveu.

“É só importante lembrar que não é um problema do Trump. Esse é um problema que foi feito o acordo ainda na época do governo Temer, depois no governo Bolsonaro, e isso foi feito ainda no governo Biden. É um acordo de deportação, que nós aqui tratamos como repatriação e, portanto, nós vamos tratar com muito carinho”, acrescentou.

O presidente frisou que o governo federal acompanha de perto a deportação de mais brasileiros em situação irregular nos EUA. O pouso do próximo avião com migrantes está previsto para 7 de fevereiro, em Fortaleza.

“Aí nós vamos ver quantas pessoas têm, de que estado são as pessoas, para a gente poder cuidar quando chegarem aqui […] inclusive, nós estamos conversando com o Itamaraty e com a Polícia Federal para que a gente comece a ter todos esses dados lá em Louisiana, onde eles embarcam”, explicou.

Renegociação da dívida dos estados

A entrevista abordou o Programa de Pleno Pagamento de Dívidas dos Estados (Propag), iniciativa do governo Lula para sanear financeiramente os entes federados. O governador de Minas Gerais, Romeu Zema, deu xilique por conta dos vetos presidenciais à proposta final, muito embora tenha aumentado o próprio salário em 300% durante o Regime de Recuperação Fiscal. O estado administrado pelo bolsonarista ostenta uma das maiores dívidas junto à União.

Lula defendeu o Propag em benefício do Brasil como um todo e retrucou Zema. “Quando eu fico sabendo que o governador de Minas Gerais tem feito críticas, disse que vai recorrer para derrubar o veto que eu fiz, eu fiz um veto em tudo aquilo que a Advocacia-Geral da União disse que era inconstitucional”, rebateu.

Dirigindo-se ao povo mineiro, o presidente também elogiou a recente concessão da BR-381, que recebeu a alcunha de “rodovia da morte” devido ao alto índice de acidentes letais. Investimentos públicos e privados vão torná-la mais segura. “Amanhã, o ministro Renan estará […] em Minas Gerais para anunciar, definitivamente, o início dessa obra, que já foi contratada por R$ 9 bilhões”, comemorou Lula.

Sem anistia

O petista rechaçou qualquer possibilidade de anistia aos envolvidos na tentativa de golpe de Estado e na depredação das sedes dos Três Poderes, incluindo o ex-presidente Jair Bolsonaro. Lula argumentou que eles terão todos os direitos garantidos durante o processo, algo que lhe foi negado pela Justiça do Paraná na Operação Lava Jato.

“As pessoas são muito interessantes, né? Nem terminou o processo, as pessoas já querem anistia. Ou seja, eles não acreditam que são inocentes? Eles deveriam acreditar que eles são inocentes e não ficar pedindo anistia antes do juiz determinar qual é a punição. Ou se vai ter punição”, ironizou.

Lula avaliou as intenções de Bolsonaro de reverter a inelegibilidade determinada pelo Tribunal Superior Eleitoral (TSE) para poder se candidatar à Presidência em 2026. “E se a Justiça entender que ele pode concorrer nas eleições, ele pode concorrer. E se for comigo, vai perder outra vez […] Não há possibilidade de a mentira ganhar uma eleição nesse país”, garantiu.

“Eu acho que quem tentou dar um golpe, quem articulou inclusive a morte do presidente, do vice-presidente e do presidente do tribunal eleitoral não merece absolvição, eu acho. Eu digo todo dia: por menos do que eles fizeram, muita gente do Partido Comunista foi morta”, lembrou o presidente.

2025: o ano da colheita

Lula minimizou ainda as últimas pesquisas indicando queda na aprovação do governo e especulando sobre a corrida presidencial de 2026. Ele argumentou ser muito cedo para se ter um prognóstico do cenário político eleitoral, apesar de liderar em todas as hipóteses apresentadas pelos institutos.

“Há uma coisa muito engraçada nessas pesquisas. Primeiro, porque elas são muito, muito, muito distantes daquilo que nós iremos fazer acontecer nesse país. Com relação às eleições, não há pesquisa que possa dar certo com dois anos de antecedência”, afirmou.

“Com relação à aprovação do governo, eu tenho dito todo dia: 2025 será o ano de entrega do nosso governo. Nós passamos dois anos arrumando esse país, passamos dois anos preparando esse país, porque nós encontramos uma casa semi-destruída”, concluiu Lula.

Da Redação

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Last Update: 05/02/2025