Nos bastidores, Motta ameaça governo e diz ter “ferramentas” para retaliação

O presidente da Câmara dos Deputados, Hugo Motta (Republicanos-PB). Foto: Reprodução

O presidente da Câmara dos Deputados, Hugo Motta (Republicanos-PB), tem dito a aliados que está “tranquilo” diante da onda de ataques nas redes sociais após a derrubada do decreto do governo Lula que aumentava o Imposto sobre Operações Financeiras (IOF), conforme informações do Globo.

Para ele, o confronto fortaleceu seu papel institucional como líder da Casa. Enquanto o governo investe na estratégia de comunicação digital, Motta interpreta o momento como uma “oportunidade” para reforçar sua liderança interna.

Ele afirma que a crise uniu seus aliados mais próximos e que, mesmo sob pressão, o Congresso seguirá exercendo suas prerrogativas. “Um político de centro sempre vai apanhar”, teria dito o deputado a interlocutores. No entanto, advertiu que, se os ataques forem desproporcionais, “o Legislativo tem ferramentas suficientes para retaliar”.

Entre essas ferramentas, Motta mencionou a possibilidade de derrubar um eventual veto presidencial ao projeto de lei que aumenta o número de deputados federais. O texto já foi aprovado na Câmara e no Senado e eleva de 513 para 531 o total de cadeiras na Casa.

Além disso, o presidente da Câmara lembrou que o Congresso controla a agenda de votações das Medidas Provisórias (MPs) enviadas pelo Executivo. Pela Constituição, uma MP perde a validade se não for votada em até 120 dias.

Campanha nas redes sociais

Em resposta ao revés no Congresso, o governo federal intensificou a narrativa de “ricos contra pobres” para criticar a derrubada da medida.

O PT lançou sua ofensiva digital com a proposta da “Taxação BBB: bilionários, bancos e bets”, defendendo o aumento da cobrança de impostos sobre os mais ricos como resposta à pressão do Congresso por cortes em áreas sociais.

Foi após essa campanha que surgiram os memes criticando o alinhamento de políticos do Centrão — em especial Hugo Motta — aos interesses da elite econômica. O discurso passou a ser incorporado pelo próprio presidente Lula (PT), que afirma que a proposta do Executivo beneficiaria os mais pobres, enquanto a decisão do Legislativo atendeu aos interesses da elite econômica.

Os conteúdos denunciam, em tom humorístico, a atuação do parlamentar na defesa de medidas que beneficiam os mais ricos. O personagem “Hugo Nem Se Importa”, inspirado no presidente da Câmara, aparece ironizando o povo e debochando de políticas públicas.

O debate sobre justiça tributária ganhou força nas redes sociais, e o Planalto acionou o Supremo Tribunal Federal (STF) para tentar reverter a decisão do Congresso.

Nesta sexta-feira (4), o ministro Alexandre de Moraes suspendeu os efeitos de todos os decretos que tratam do IOF e determinou a realização de uma audiência de conciliação entre os Poderes. A reunião está marcada para o dia 15 de julho, no plenário de audiências da Corte, em Brasília.

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