Principal arena das eleições municipais por seu peso no cenário nacional, São Paulo assistirá, no dia 20 de julho, a primeira convenção eleitoral deste pleito, que lançará oficialmente o nome de Guilherme Boulos (PSol) à prefeitura. Representante das forças progressistas e de esquerda, o deputado federal tem o apoio do presidente Lula e enfrentará a extrema direita bolsonarista, que está em peso dedicada à reeleição do prefeito Ricardo Nunes (MDB).
“A gente tem caracterizado essa disputa em São Paulo — e certamente no Brasil inteiro — como estratégica e histórica. Porque não se trata somente de eleger prefeitos e vereadores do campo da esquerda; trata-se de definir o futuro do Brasil. É uma eleição que está muito ligada com a batalha eleitoral de 2026”, explica ao Portal Vermelho o presidente do PCdoB paulistano e ex-deputado estadual, Alcides Amazonas, que participa da coordenação da campanha de Boulos.
Ele salienta que embora o campo progressista tenha garantido a vitória eleitoral em 2022, com Lula, isso ainda não se traduziu numa vitória política na sociedade. “Ainda não derrotamos o bolsonarismo. E é isso que está em jogo”, pontua.
Portanto, além de eleger prefeitos e vereadores façam as cidades avançarem e garantirem melhor estrutura e qualidade de vida para a população, o objetivo da esquerda é também preparar terreno e ganhar musculatura para 2026.
Um aspecto positivo para esse campo, salientado por Amazonas, é o fato de que em 2022, na cidade de São Paulo, Lula venceu Bolsonaro e Fernando Haddad derrotou Tarcísio de Freitas. “Este é um elemento importante, assim como a relevância e gigantismo da cidade, que inevitavelmente fazem com que, neste contexto, a disputa seja nacionalizada e polarizada por esses dois setores”, aponta.
Outro ponto que pode favorecer a esquerda é a entrada de Pablo Marçal (PRTB) e de José Luiz Datena (PSDB), que dividem o eleitorado de direita. Também conta negativamente para o campo da direita a gestão ruim de Nunes. “É um governo medíocre, a única coisa que ele está conseguindo fazer é uma maquiagem eleitoral nessa reta final de governo”, critica Amazonas.
Ele cita como áreas mais problemáticas a saúde, a segurança pública, o transporte, a infraestrutura da cidade e o aumento da população em situação de rua e das cracolândias, bem como a falta de atendimento adequado a essas pessoas. Soma-se a isso os impactos do apagão do ano passado e a privatização da Sabesp, rechaçada pela maioria (53%) da população. Apesar desse combo, ressalta o dirigente, “a avaliação é de que a batalha não será fácil”.
Escondendo Bolsonaro
Considerando que a cidade não deu vitória a Bolsonaro e que o ex-presidente está cada vez mais enrolado com investigações e indiciamentos, umas das táticas para desgastar Nunes tem sido colar nele o apoio do bolsonarismo.
“Ele tem o apoio do ex-presidente, mas procura escondê-lo. E a nossa campanha está se encarregando de dizer que Nunes é Bolsonaro e Bolsonaro é Nunes aqui em São Paulo. Enquanto ele tem vergonha de explicitar esse apoio, nós temos orgulho de ostentar o nosso projeto, com as pré-candidaturas de Boulos e da ex-prefeita Marta Suplicy como vice e o apoio de Lula”, salienta.
Mesmo com esses apoios de peso — aos quais se somam ainda outros dois ex-prefeitos de São Paulo, Luiza Erundina e Fernando Haddad — Amazonas defende a necessidade de ampliar essa frente.
“Se a gente não conseguir mais ampliar pelos partidos, porque bateu no teto das alianças possíveis (hoje são sete com Boulos), a gente tem que ampliar junto aos intelectuais, nas universidades, no mundo empresarial, no segmento esportivo e entre lideranças expressivas da sociedade que não necessariamente têm ligações partidárias e assim fazer crescer a inserção na população”, argumenta.
Convenção
Neste sentido, o evento do dia 20 também terá papel central, tanto para reunir a militância quanto para atrair outros segmentos e mostrar força na cidade.
“Nesse dia, teremos as convenções das federações dos partidos e o ato político de oficialização da candidatura no Expo Center Norte, um local bastante grande onde queremos colocar entre de 12mil e 15 mil pessoas. Temos certeza de que a militância desses sete partidos, bem como a dos movimentos sindical e sociais, vai abraçar esse evento e a gente vai conseguir fazer um grande ato político com a presença do nosso presidente da República”, afirma.
Amazonas salienta que a expectativa é de “de fazer um grande evento e mostrar para a cidade de São Paulo que as forças progressistas, mais avançadas têm todas as condições de governar a cidade de São Paulo pela terceira vez”.
Como curiosidade, ele lembra que a esquerda tem vencido as eleições em São Paulo a cada 12 anos: após Luiza Erundina (1988), veio a de Marta Suplicy (2000) e a de Fernando Haddad (2012). “E 12 anos depois, temos agora a possibilidade real de ganhar novamente com Boulos”, reforça.
Quanto ao projeto dos comunistas, o esforço central é para eleger o ex-vereador Cláudio Fonseca para a Câmara Municipal. “É uma campanha muito animada, com a perspectiva da gente retornar à Câmara”, afirma.
Amazonas conclui dizendo: “Certamente, vamos voltar a governar a cidade de São Paulo. O PCdoB está pronto para contribuir com esse projeto, assim como para pavimentar a estrada para 2026. Vamos derrotar a ultradireita, o fascismo e as forças do atraso que atuam para acabar com São Paulo e com o país”.