Com o tema “Paz só com Justiça Social – Trabalho Decente e o fim da Escala 6×1”, o Instituto de Estudos e Ações pela Paz (IAPAZ) realizou, nesta terça-feira (17), importante seminário com a participação de lideranças do movimento sindical. No Sindicato dos Bancários, contribuíram com o debate mediado pela psicóloga Juliete Barreto, o presidente do instituto, Álvaro Gomes; a professora da UFBA, Graça Druck; e o professor da Unicamp, José Dari Krein.
“O IAPAZ entende que o fim da Escala 6×1 está relacionado com a luta pelo trabalho decente. Nosso objetivo é aprofundar essa discussão que ganhou repercussão na sociedade. Queremos encontrar alternativas para garantir à classe trabalhadora condições dignas de trabalho. O governo Lula tem feito muito para isso, com muita fiscalização e combate ao trabalho análogo à escravidão e ao trabalho infantil, com apoio e atuação firme do Ministério do Trabalho e do Ministério Público do Trabalho. Nosso principal desafio é conquistar o trabalho decente e construir uma sociedade mais justa e mais humana”, afirmou Álvaro Gomes.
Ao falar pela CTB Bahia, o secretário de Combate ao Racismo, Jerônimo Silva Júnior ressaltou que a escravidão gestou as bases do desenvolvimento econômico do Brasil por vários séculos. “São apenas 136 anos da abolição, que não assegurou inserção e formação da população negra para o mercado de trabalho. É importante reforçar que o movimento abolicionista lutou por uma vida e trabalho dignos para o nosso povo. Na atualidade, uma das principais bandeiras da Central e do movimento sindical é pelo fim da Escala 6×1. Queremos desenvolvimento econômico com valorização do trabalho”, enfatizou.
REFLEXÕES ACADÊMICAS
Em sua palestra, Graça Druck destacou que a Escala 6×1 é parte da discussão sobre a jornada de trabalho. “O que vemos no mundo é o aprofundamento das políticas neoliberais, com os valores do ‘mercado’ financeiro influenciando as relações de trabalho e na sociedade. Nesses últimos 40 anos, vemos a neoliberalização do trabalho, que levou a sua precarização, produziu uma regressão social em pleno Século 21 e fragmentou a classe trabalhadora e suas representações, estabelecendo uma forte concorrência entre os próprios trabalhadores. É um grande desafio atual garantir o fim dessa escala de trabalho e implementar o trabalho decente com a ascensão da extrema-direita. Precisa mudar essa realidade onde o Brasil é um dos líderes no mundo em acidentes de trabalho e jornada extensa. É uma luta constante, com avanços e retrocessos”, destacou.
Diretor do Centro de Estudos Sindicais e Economia do Trabalho (Cesit) e professor do Instituto de Economia (IE), José Dari Krein, lembrou que a Unicamp é uma das quatro instituições brasileiras parceiras da Organização Internacional do Trabalho (OIT) no projeto da Coalização Global pela Justiça Social. “O trabalho decente é um dos objetivos do desenvolvimento sustentável da ONU e uma das metas da OIT. Trata-se de um trabalho adequadamente remunerado, exercido em condições de liberdade, equidade e segurança e que seja capaz de garantir uma vida digna às pessoas. O conceito foi estruturado com base em quatro objetivos estratégicos: 1) respeito aos direitos no âmbito do trabalho, especialmente aqueles definidos como fundamentais (liberdade sindical, direito de negociação coletiva, eliminação de todas as formas de discriminação em matéria de emprego e ocupação e erradicação de todas as formas de trabalho forçado e de trabalho infantil); 2) a promoção do emprego produtivo e de qualidade; 3) ampliação da proteção social do trabalhador; e 4) fortalecimento do diálogo social. São desafios do movimento sindical, empresas, governos e de toda sociedade”, enfatizou, falando por videoconferência.
BOM DEBATE
Vários sindicalistas falaram e expuseram as dificuldades enfrentadas por suas categorias e o desafio do sindicalismo em mobilizar a classe trabalhadora para os enfrentamentos atuais: José Antônio (Federação dos Bancários e OAB-BA); Edvã Galvão (SintraSuper), Nancy Andrade (Federação dos Bancários), Henrique Baltazar (Sindmoto); Graça Gomes (Sindicato dos Bancários), Grassa Felizola (Federação dos Bancários). Além de Geraldo Galindo (Sindicato dos Bancários de presidente do PCdoB Bahia), que destacou o compromisso do partido centenário com a luta pela redução da jornada de trabalho.