A imagem mostra dois homens, um deles em uma viatura da Polícia Civil, enquanto o outro está em frente a um portão de metal. O homem na viatura parece estar conversando com o outro, que está de costas e usa uma camiseta preta com a inscrição 'POLÍCIA CIVIL'. Ao fundo, há uma parede com grafites coloridos.
Policiais civis do Rio de Janeiro durante a operação Adolescência Segura, em abril, que desarticulou uma organização que praticava crimes cibernéticos contra crianças e adolescentes. Foto: Divulgação/Polícia Civil do Rio de Janeiro

Crianças e adolescentes estão sendo atraídos para práticas de automutilação com a promessa de pagamento, revela um relatório elaborado pelas pesquisadoras Letícia Oliveira e Tatiana Azevedo sobre a plataforma de conversas Discord e uma investigação da Polícia Federal (PF).

Desde 2023, várias comunidades de ódio têm sido identificadas no Discord, onde crimes e atos violentos são promovidos. De acordo com a ONG Safernet, as denúncias sobre a plataforma aumentaram significativamente em 2025, com um aumento de 172,5% nas denúncias de janeiro a março, em comparação com o mesmo período do ano anterior.

Os grupos de ódio

Nos grupos investigados, os usuários afirmam que líderes estão oferecendo dinheiro em troca de “lulz”, um termo derivado de “lol”, que significa “rindo alto” em inglês. O termo é usado para descrever ações danosas em servidores, como videochamadas e anúncios, que têm como objetivo atrair mais visualizações.

Nesses ambientes, jovens são incentivados a cometer atos violentos, como a automutilação. Em alguns casos, os participantes são forçados a escrever o nome dos servidores em partes do corpo com objetos cortantes.

Segundo a Polícia Federal, os valores pagos pelos desafios variam entre R$ 30 e R$ 200. “50tinha por uns corte nos pulsos?” é uma pergunta feita por um usuário em um desses grupos.

A imagem mostra uma conversa em um aplicativo de mensagens. O texto discute o conceito de 'Lulz' e suas recompensas, mencionando um cargo de superioridade e a hierarquia. Há referências a um usuário chamado 'Guardiã do Lulz' e a um cargo que foi concedido. A conversa também menciona a possibilidade de realizar cortes nos pulsos, com um usuário perguntando sobre o valor de 50 reais por esse serviço.
Em comunidades de ódio, usuários são estimulados com dinheiro a práticas de automutilação – Reprodução

“Eles escrevem o nome dos servidores ou dos membros do grupo, ou uma letra do nome do grupo. E aí, eles pagam. No rosto, é mais caro, assim como no pescoço. Na perna ou na coxa, é o mais barato”, explicou o delegado federal Flávio Rolim, chefe da Urcod (Unidade de Repressão a Crimes Cibernéticos de Ódio).

O relatório também destaca que essas comunidades têm uma hierarquia bem definida, com os criadores sendo considerados líderes. O acesso aos grupos é restrito, geralmente feito por meio de links privados. No entanto, esses links podem ser divulgados em outras redes, aumentando o alcance das comunidades.

Além de práticas de automutilação, meninas também têm sido vítimas de estupro virtual, sendo forçadas a se expor em transmissões ao vivo e a realizar atos humilhantes, como mostrar partes do corpo ou introduzir objetos pontiagudos na genitália. Outros abusos incluem queimaduras, arranhões, espancamentos e até arrancamento de cabelos.

Operações de combate ao crime virtual

Investigadores também têm se dedicado a investigar outros casos semelhantes em diferentes estados. Em São Paulo, a SSP criou o Noad (Núcleo de Observação e Análise Digital) para investigar essas comunidades. No final de 2024, uma operação foi realizada para prender suspeitos e cumprir mandados de busca e apreensão.

Em abril, a Polícia do Rio de Janeiro deflagrou uma operação contra uma organização criminosa que usava a internet para induzir crianças e adolescentes a propagar crimes de ódio, promover o nazismo, divulgar fotos de exploração sexual infantil e maus-tratos de animais.

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Last Update: 10/05/2025