O presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, foi ao Congresso norte-americano na última terça-feira 4 para fazer o seu primeiro discurso aos legisladores do país desde que voltou à Casa Branca, no dia 20 de janeiro.

Na fala, que durou cerca de 1h40, o político republicano expôs os principais fundamentos da sua gestão, dando destaque aos sucessivos aumentos de tarifas no contexto da guerra comercial, explicou o seu desejo de “tomar a Groenlândia de um jeito ou outro” e chamou a atenção para a necessidade de combate à imigração ilegal. 

Os parlamentares, porém, não assistiram inertes à fala de Trump. Democratas tiveram que deixar o local depois que o deputado Al Green, do Texas, se recusou a sentar e gritava “ele [Trump] não tem mandato”. Outros congressistas de oposição seguravam placas com críticas ao republicano, com dizeres que indicavam que a fala de Trump era mentirosa.

Ao longo do discurso, Trump reclamou da pouca simpatia dada pelos democratas ao seu discurso. “Olho para os democratas na minha frente e percebo que não há absolutamente nada que eu possa dizer para fazê-los felizes ou ficarem de pé, sorrir ou aplaudir”, lamentou.

Guerra comercial

Trump vem impondo tarifas a países que considera seus adversários na disputa pelo domínio do comércio global. Segundo o republicano, as novas tarifas de 25% sobre produtos mexicanos e canadenses, bem como o acréscimo de 10% sobre importações chinesas vão servir para “tornar a América rica novamente e tornar a América grande novamente”.

Nesse trecho, o republicano chegou a citar o Brasil como exemplo de país que estaria cobrando tarifas altas aos produtos norte-americanos, em um cenário que considerou “injusto”.

“Em média, a União Europeia, China, Brasil, Índia, México, Canadá e inúmeras outras nações nos cobram tarifas muito mais altas do que cobramos deles, o que é extremamente injusto”, afirmou Trump.

Assim, tarifas recíprocas a parceiros comerciais dos EUA devem entrar em vigor já no próximo dia 2 de abril, segundo Trump. “Qualquer imposto que nos cobrarem, nós os taxaremos. Se usarem barreiras não monetárias para nos manter fora de seus mercados, então usaremos barreiras não monetárias para mantê-los fora do nosso mercado”, afirmou. Nesse ponto do discurso, poucos parlamentares republicanos aplaudiram Trump.

Carta de Zelensky a tomada da Groenlândia

Ainda no plano internacional, Trump aproveitou o discurso para revelar que o presidente da Ucrânia, Volodymyr Zelensky, teria enviado uma “carta importante” no início da última terça-feira 4, sem dar detalhes sobre o suposto documento.

“Agradeço que ele tenha enviado essa carta”, mencionou Trump. Mais cedo, o próprio líder da Ucrânia revelou que estaria pronto para trabalhar sob a “forte liderança de Trump” para acabar com o conflito com a Rússia.

A guinada de Zelensky acontece no momento em que Washington decidiu interromper toda a ajuda às tropas ucranianas, dias depois da acalorada discussão entre os dois mandatários na Casa Branca, na semana passada.

No discurso, Trump ressaltou que seria hora “de parar essa loucura”, criticando os gastos dos EUA com a guerra no leste europeu, que considera excessivos.

“EUA mandaram centenas de bilhões de dólares para apoiar a Ucrânia, sem nenhuma segurança. Vocês querem mais cinco anos disso”, questionou o mandatário.

Zelensky e Trump durante um bate-boca em reunião tensa no Salão Oval da Casa Branca.
Foto: SAUL LOEB / AFP

O discurso de ontem também serviu para Trump expor detalhes sobre a sua política expansionista, em termos estratégicos, principalmente no que se refere à Groenlândia. 

Afirmando ter “uma mensagem para o povo incrível da Groenlândia”, o republicano disse apoiar “fortemente o seu direito de determinar seu futuro”. 

Precisamos da Groenlândia para a segurança nacional e até mesmo para a segurança internacional. Estamos trabalhando com todos os envolvidos para tentar obtê-la. Realmente precisamos dela para a segurança global e acho que vamos obtê-la. Vamos obtê-la de um jeito ou de outro”, afirmou o republicano, fazendo menção à importância do território, que fica na rota para a Europa.

Política interna

Nem só de projeção ao mundo, porém, vive o presidente norte-americano. Aos congressistas, Trump também aproveitou para tratar dos problemas internos do país, focando na questão da imigração e do combate às políticas de diversidade.

Trump disse que a sua volta ao poder serviu para acabar com “a tirania da chamada ‘diversidade, equidade e inclusão’ em todo o governo federal e no setor privado e forças militares”.

Além disso, o republicano aproveitou para anunciar que renomeou um refúgio de vida selvagem no Texas. Segundo ele, a ideia é homenagear Jocelyn Nungaray, uma menina de 12 anos encontrada morta em junho do ano passado. Os investigadores suspeitam que ela teria sido assassinada por imigrantes sem documentos.

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Last Update: 05/03/2025