No contexto das relações bilaterais do Brasil, o presidente Lula foi recebido, nesta segunda-feira (5), pelo presidente do Chile, Gabriel Boric, no Palácio de La Moneda, em Santiago. Os mandatários firmaram quase duas dezenas de acordos em setores como ciência, tecnologia, turismo, educação, segurança, agricultura e comércio exterior. Lula se referiu ao Chile como parceiro estratégico do Brasil e defendeu o aprofundamento da integração sul-americana.
“Quando eu retornei à Presidência, retornei com muita vontade de tentar recriar uma consciência política, junto aos nossos povos, da necessidade da formação de uma estrutura mais organizada de integração na América do Sul. Nós não podemos continuar de costas uns para os outros. Nós temos que pesquisar, garimpar, estudar cada coisa que nós podemos fazer juntos”, afirmou Lula, depois de lamentar o desastre que representou a política externa de Jair Bolsonaro (PL) para os interesses do Brasil.
Lula levou 14 ministros de Estado à capital do Chile para, nas palavras do presidente, “inaugurar uma nova era” nas relações com o país vizinho. “O que nós queremos é construir uma relação plena, onde não haja dúvida, onde qualquer divergência menor não possa machucar os acordos importantes e as coisas maiores que nós temos que fazer”, definiu, durante fala à imprensa.
“Nós queremos mais, em benefício dos chilenos e dos brasileiros”, emendou o petista.
Acordos bilaterais
A visita oficial do presidente a Santiago serviu à diversificação do comércio com o Chile. O Brasil é hoje o terceiro maior fornecedor aos chilenos, com movimentação acima de US$ 12 bilhões, o que representa 11% do mercado do país vizinho. Lula e Boric assinaram 19 acordos bilaterais e formalizaram programas de cooperação.
“Assinamos hoje um tratado de extradição e instruímos nossas equipes a ampliarem ações de inteligência e operações conjuntas. Integração significa conexão. Foi o aumento do número de voos que permitiu que o fluxo de turistas entre nossos países quase dobrasse no ano passado. Com o plano de trabalho em turismo que firmamos hoje, o Chile tem tudo para se consolidar como um dos destinos mais importantes procurados pelos brasileiros”, discorreu Lula.
Nos assuntos consulares, os países concluíram o reconhecimento recíproco de carteiras de habilitação. Já no comércio, os presidentes do Brasil e do Chile assinaram termo aditivo ao Memorando de Entendimento (ME) sobre certificação de produtos orgânicos.
“A integração sul-americana é uma realidade que faz a diferença na vida das pessoas, como demonstra o acordo de isenção de cobrança de roaming que firmamos no ano passado e o acordo de reconhecimento recíproco de carteiras de habilitação que assinamos hoje”, explicou Lula.
Lula e Boric trataram ainda do Corredor Bioceânico – projeto do qual Brasil, Chile, Argentina e Paraguai são sócios. Ele vai integrar a infraestrutura do continente sul-americano, ligando o Centro Oeste do Brasil aos portos do norte do Chile. De acordo com o Ministério das Relações Exteriores (MRE), estará concluído em pouco tempo.
Relações Brasil-Chile
As relações diplomáticas entre Brasil e Chile foram estabelecidas em 22 de abril de 1836, durante o Período Regencial. Atualmente, os países têm aprofundado a articulação política nas arenas regionais e multilaterais, chegando a bom termo e à adoção de posições comuns nos mais diversos temas.
O MRE informa que o Brasil concentra o maior estoque de investimentos chilenos no mundo, totalizando US$ 35 bilhões. Por sua vez, o Brasil investe cerca de US$ 4,5 bilhões no Chile, volumes reservados às áreas de mineração, siderurgia, fármacos, alimentos, construção, entre outros.
O dois países têm mais de 90 acordos bilaterais em vigor.
Da Redação, com Planalto, MRE, Apex, Agência Brasil