Estamos vivendo um período de ondas de calor, secas e baixa umidade do ar, fenômenos intensificados pelas mudanças climáticas e que trazem inúmeros problemas ambientais, mas também de saúde. Rios nunca estiveram com seus níveis tão baixos, assim como os indicadores de umidade do ar, não só no norte do País, mas também no Centro-Oeste e no Sudeste. Para agravar ainda mais a situação, uma série de incêndios criminosos assola o País, produzindo ainda mais destruição, carregando o ar de fuligem e trazendo o cheiro de fumaça para todo o campo, mas também para as cidades.
Quem vive no interior de São Paulo já sentiu na pele o horror de estar próximo a um canavial em chamas: o calor, a devastação, a fumaça e a fuligem, que de tão intensos, agora chegam às cidades. Não à toa, atear fogo em uma plantação só é permitido em pequenas porções de terra e de forma controlada, o que obviamente não é o que vem acontecendo Brasil afora. A época do ano, com baixa umidade do solo e do ar tornam as consequências destes atos ainda mais devastadoras no que tudo indica ser uma ação coordenada, como aconteceu no ano passado durante o fatídico Dia do Fogo.
Foi após aquele episódio lamentável que o presidente Lula sancionou a Lei do Manejo do Fogo. Além disso, outros projetos importantes tramitam no Congresso, como é o caso do PL 2334/24, que protege o Pantanal (de autoria da deputada Camila Jara); dos meus projetos de proteção da Amazônia ou do PL 5014/20, de minha autoria com o deputado Alencar Santana, proibindo por 20 anos a utilização agropecuária ou urbana de áreas ilegalmente desmatadas ou queimadas. Estas são ferramentas importantes neste enfrentamento, mas precisam de ampla mobilização popular para vencer a resistência da Câmara e do Senado e trazer resultados que só virão no médio e longo prazo.
De imediato, precisamos encontrar os responsáveis por estes crimes; ampliar o monitoramento e a fiscalização; fortalecer as brigadas e os corpos de bombeiros; integrar os esforços da Guarda Civil, das Forças Armadas e todos mecanismos disponíveis das 3 esferas de governo. É inaceitável que criminosos estejam tentando colocar o governo na parede, numa espécie de chantagem que condena o meio ambiente e a vida, em busca de mais concentração de terras e de riqueza. Não passarão!
*Nilto Tatto é deputado federal (PT-SP)